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Educação sexual Pais e professores à rasca

Quando se sabe que temos dos mais elevados índices de jovens que engravidam na adolescência; que o VIH/SIDA é um vírus que se contrai mais neste período; que os jovens consomem cada vez mais álcool associado a drogas; que não há educação sexual nas escolas; que a sociedade é cada vez mais erotizada; que os filhos evitam conversar com os pais sobre os seus problemas sexuais; que os pais se sentem impreparados para entenderem esta geração (?) então com quem devem eles aprender?
Procurou-se questionar os agentes educativos sobre o tema. Para isso elaborou-se um questionário que continha 80 perguntas para pais e professores.

Objectivo do estudo:

As famílias como agentes de formação primária: a) os pais não possuem as informações básicas sobre VIH/SIDA; b) têm crenças erradas sobre a doença e os doentes; c) estão de acordo com uma ?disciplina? de Educação sexual nas escolas.
Os professores como agentes de educação e formação: a) os professores não possuem conhecimentos sobre o VIH/SIDA; b) questionam a educação sexual nas escolas.

Amostra:
Os questionários dos pais (n = 72) foram recolhidos nos Distritos de Guarda, Viseu, Coimbra

Idade

Nº filhos

SEXO

Habilitações

H

M

Pai

Mãe

30 ? 50 anos

84.7%

1-2 ? 70.8%

36.1

63.9

Menos 9º ano

23.6%

48.9%

3-4 - 23.6

Licenciatura/curso médio

11.1

15.3

Conclusões:

1. É preciso investir na informação e formação da família. Confirma-se que os pais possuem alguns desvios cognitivos, os mesmos que possuem os filhos(1). Os
pais
(género masculino) estão mais mal informados (do que as mães) e têm atitudes erradas e discriminatórias em relação á doença e aos doentes e infectados com VIH/SIDA

Á questão: aceitaria que o seu filho frequentasse aulas de educação sexual na escola? Para 76.4% a escola deve contribuir para a formação sexual dos filhos, opinião contrária assumida por 23.6% dos inquiridos. Em média o género masculino aceita melhor a ideia.

Á questão: ? a educação sexual é um problema a ser resolvido só pelas famílias? São peremptórios 93.1% dizendo não (mais o sexo masculino) ;

e quando se pretende saber se dialogam com os filhos sobre temas de sexualidade as respostas são as seguintes: sim= 56.9%; não = 43.1%. ( não há diferença entre os géneros)

Conclusão: os pais, de uma maneira geral, aceitam que a escola ajude na educação sexual dos seus filhos. Porém, curioso é o perfil dos pais que não aceitam a educação sexual nas escolas:

- São também os que afirmam não dialogar com os filhos sobre sexualidade
- os pais mais novos (30-35 anos)
- Com maior classificação académica;

Os professores. Inquirimos ainda 52 docentes dos distritos da Guarda, Viseu, Coimbra. De realçar que os professores (sexo feminino) estão mais informadas e têm mais atitudes de tolerância e compreensão para com os infectados; ao invés dos docentes do sexo masculino que são mais preconceituosos e intolerantes; estão confiantes nas suas capacidades em resolverem problemas que possam pô-los em risco de infecção; têm um conceito de invulnerabilidade (só acontece aos outros); Estão mais mal informados do que as professoras, embora o não reconheçam.
São a favor de uma ?disciplina? de educação sexual nas escolas (46.2%); para 53.8% sim mas depende (?) se é uma disciplina horizontal/vertical; se há docentes com formação adequada; o tipo de programa. Sugerem um curso dividido em duas áreas : área de saúde e na área de formação social e pessoal.
Que fazer se andamos todos á rasca?
Já sei! Façam de contas de que toda a gente nasce ensinada.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 142
Ano 14, Fevereiro 2005

Autoria:

Orquídea Lopes
Universidad de Salamanca
Orquídea Lopes
Universidad de Salamanca

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