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A instabilidade à espera de resultados

O ambiente de instabilidade, incerteza, ansiedade, desespero e desmotivação que se vive em muitas escolas neste início de ano lectivo, e que decorre da colocação tardia dos professores, leva-nos a reflectir sobre alguns aspectos.
Questionamos em que condições poderão decorrer as aprendizagens dos alunos quando a totalidade dos professores não está colocada e quando a maioria dos que pertencem aos quadros aguarda, ansiosamente, uma colocação que os poderá fazer mudar de escola.
Indagamos de que forma se poderão concretizar práticas de gestão flexível do currículo quando, contrariamente ao que já era prática habitual em muitas escolas, não há tempo nem espaço para, previamente, reunir, trabalhar em equipa, partilhar experiências, reflectir, fazer formação contextualizada. Toda a programação inerente às diferentes estruturas de gestão intermédia da escola, e que antecedia as actividades lectivas, está irremediavelmente desajustada e comprometida no tempo. Nalgumas escolas nada pode avançar, não há professores, há que esperar o resultado dos concursos. Torna-se prioritário que os professores cheguem às escolas e comecem a dar aulas. O atraso significativo com que se começa e a pressão que se antevê com os exames nacionais, e que exigem o cumprimento dos programas, poderão sobrepor-se à filosofia da reorganização curricular e a todo um conjunto de práticas inerentes à mesma, o que certamente é de lamentar.
Ainda que este cenário possa ser minimizado, questionamos até quando vamos prosseguir com um processo de recrutamento e selecção de professores centralizado e comprometedor da vida escolar. Será este o processo mais vantajoso para a escola ou seria melhor para todos, em particular para os alunos, que cada escola, no quadro da sua autonomia, pudesse seleccionar e manter os professores que melhor se adequam à concretização do seu Projecto Educativo? Não sendo uma questão pacifica, defendemos que as escolas deveriam ser responsabilizadas pelo recrutamento e selecção dos seus professores de forma a assegurarem um ensino de maior qualidade.


  
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Edição:

N.º 138
Ano 13, Outubro 2004

Autoria:

Adélia Lopes
Escola Superior de Educação de Leiria
Adélia Lopes
Escola Superior de Educação de Leiria

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