O comportamento dos anteriores responsáveis pelo ministério da educação é patético. Perante o desastre dos concursos de educadores e professores, que a realidade não permite esconder, descobre-se a podridão que reinava (e reina?) no ministério e no governo. O ministro não confiava e odiava o secretário dos recursos educativos que por sua vez não confiava e abominava o ministro. Ambos agiam como se não houvesse ? e na prática não havia ? uma secretária da educação. Os dois galos bicavam-se para ver quem era o rei da capoeira enquanto a galinha cacarejava. Como diria o Manel, são pior que inimigos são camaradas de partido! O desastre dos concursos é apenas a ponta do icebergue. É apenas a parte visível dos resultados desastrosos de uma política. Quem acompanha o que se passa naquele ministério sabe que a desordem e a destruição da política educativa nacional é total. No ministério não ficou pedra sobre pedra. As estruturas que pensavam e planeavam a inovação foram de vela. O Instituto Nacional de Acreditação da Formação de Professores (INAFOP) que tinha iniciado um trabalho imprescindível de validar e acreditar a formação inicial de professores, desapareceu sem deixar rasto. O sistema de avaliação das escolas foi apagado. No seu lugar ficaram as tentativas patéticas e patetas de realizar rankings de escolas como se estas participassem num concurso televisivo rasca. A avaliação e acreditação dos materiais escolares, entre eles a política de manuais escolares, foram parar ao caixote do lixo. A rede escolar ficou no estado calamitoso que se sabe. Para encurtar a descrição, basta dizer que o próprio quadro orgânico do ministério foi varrido e a nova lei orgânica nunca foi posta em prática. Os serviços estão baralhados e paralisados e ninguém sabe o que lhe compete fazer. Perante a catástrofe, os ilustres membros da ex-troika governamental ainda têm o desplante de dizer publicamente que fizeram reformas! E que a culpa deste cataclismo e desastre geral deve ser da Mafaldinha e do Zé Carioca! O ministério da educação está como a horta do meu amigo Joaquim Esteves. Depois de a regar bem regada ao fim da tarde teve o azar de lhe passar por cima, durante a noite, uma grossa manada de javalis furiosos. Espatifados os legumes, sobrou um lamaçal. Para recuperar a horta o senhor Santana Lopes mandou para lá uma tocadora de flauta e dois tocadores de tambor. A emenda vai ser bem pior que o soneto! Haja esperança. Esperemos que o próximo ano e meio passe depressa e que o povo português ganhe juízo e vote com sentido de responsabilidade.
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