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Notas do caderno de campo
  1. Na Europa, há lacunas no domínio da formação profissional, mas isso não decorre da rigidez do mercado de trabalho, mas dos fracassos educacionais, da responsabilidade dos governos. Poupar na educação ? o melhor exemplo é nas novas tecnologias ? pode, afinal, ser a grande rigidez europeia.
  2. Nalguns países são já notórias várias faltas ou falhas. Falta de água; falta de electricidade; poluição do ar; poluição do mar; poluição dos rios. Estes problemas são consequência da privatização dos sistemas fundamentais à vida. Os privados não tratam de planear, prever, precaver, preservar. O Estado não pode demitir-se da responsabilidade de gerir os sistemas necessários ao bem comum.
  3. Paradigma tradicional: "ensinar a muitos como se fosse um só". Este paradigma tradicional defende que a igualdade é dar a todos o mesmo.  Novo paradigma: "todos diferentes todos iguais". Isto é, a igualdade constói-se pelo respeito pela diferença e não pela uniformização.
  4. Em Portugal o sistema educativo actual pouco se diferencia do que existia no Estado Novo. Só se introduziu o privado e o politécnico, este já previsto na reforma de Veiga Simão apresentada antes do 25 de Abril. Se a proposta de lei do governo para alteração da Lei de Bases vingar as semelhanças serão ainda maiores. Ao defender a especialização precoce - logo após o 6º ano de escolaridade - anula-se uma das diferenças com algum significado. Os modelos - o de antes de Abril de 784 e o actual - no essencial ao parecidos. A grande diferença é que agora passam todos pela escola e antes não.
  5. A propósito das reformas no ensino. "Ninguém aplica remendo novo em pano velho, rompe o velho e o buraco fica maior" (Marcos 2:21). A leitura que podemos fazer das sucessivas reformas  do ensino- em todas as partes do mundo - confirmam este pensamento de Marcos. Depois das reformas o sistema fica sempre pior. O sistema educativo, nas condições e exigências actuais, é irreformável. O que é preciso é criar outro sistema ou reinventar o sistema educativo. Aqui o velho tem de ser substituído por um novo e não remendado ou reformado.

  
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Edição:

N.º 126
Ano 12, Agosto/Setembro 2003

Autoria:

José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.

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