Notas do caderno de campo
|
- Na Europa, há lacunas no domínio da formação profissional, mas isso não decorre da rigidez do mercado de trabalho, mas dos fracassos educacionais, da responsabilidade dos governos. Poupar na educação ? o melhor exemplo é nas novas tecnologias ? pode, afinal, ser a grande rigidez europeia.
- Nalguns países são já notórias várias faltas ou falhas. Falta de água; falta de electricidade; poluição do ar; poluição do mar; poluição dos rios. Estes problemas são consequência da privatização dos sistemas fundamentais à vida. Os privados não tratam de planear, prever, precaver, preservar. O Estado não pode demitir-se da responsabilidade de gerir os sistemas necessários ao bem comum.
- Paradigma tradicional: "ensinar a muitos como se fosse um só". Este paradigma tradicional defende que a igualdade é dar a todos o mesmo. Novo paradigma: "todos diferentes todos iguais". Isto é, a igualdade constói-se pelo respeito pela diferença e não pela uniformização.
- Em Portugal o sistema educativo actual pouco se diferencia do que existia no Estado Novo. Só se introduziu o privado e o politécnico, este já previsto na reforma de Veiga Simão apresentada antes do 25 de Abril. Se a proposta de lei do governo para alteração da Lei de Bases vingar as semelhanças serão ainda maiores. Ao defender a especialização precoce - logo após o 6º ano de escolaridade - anula-se uma das diferenças com algum significado. Os modelos - o de antes de Abril de 784 e o actual - no essencial ao parecidos. A grande diferença é que agora passam todos pela escola e antes não.
- A propósito das reformas no ensino. "Ninguém aplica remendo novo em pano velho, rompe o velho e o buraco fica maior" (Marcos 2:21). A leitura que podemos fazer das sucessivas reformas do ensino- em todas as partes do mundo - confirmam este pensamento de Marcos. Depois das reformas o sistema fica sempre pior. O sistema educativo, nas condições e exigências actuais, é irreformável. O que é preciso é criar outro sistema ou reinventar o sistema educativo. Aqui o velho tem de ser substituído por um novo e não remendado ou reformado.
|
|
|
Ficha do Artigo
|
Imprimir
|
Abrir como PDF
|
|
Edição:
Ano 12, Agosto/Setembro 2003
|
Autoria:
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
|
Partilhar nas redes sociais:
|
|
|