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Primeiros ciclos - Testemunho II

O professor do 1º ciclo é um docente generalista, e por isso deve leccionar as áreas, ditas, do conhecimento e todas as outras que abrangem as áreas de expressão (física, dramática, plástica e musical).
Ao professor do 1º ciclo é pedido que exerça a sua profissão com inovação e criatividade. Este professor terá de ser capaz de ensinar e de desenvolver nos seus alunos as competências estipuladas nos programas oficiais, criar nestes o gosto pelo estético, pela arte, pelo prazer de aprender...
Para dar cumprimento aos programas oficiais e para formar futuros ( e porque não actuais?) cidadãos responsáveis, participativos, críticos e atentos o professor tem como recursos o tradicional quadro preto e o giz branco (o orçamento não permite a utilização de giz de cor!), os novos/velhos manuais escolares, que ano após ano repetem os mesmos textos e conteúdos programáticos (apesar das reformas e revisões que se decretam), instalações degradadas e desajustadas.
Onde estão as cantinas, as bibliotecas escolares e os espaços polivalentes ou desportivos em todas as escolas do 1º ciclo?
As exigências sociais e individuais dos nossos alunos não se coadunam com as condições das escolas do 1º ciclo nem se satisfazem com o tradicional aprender a "ler, escrever e contar".
Defendo que o professor deve ser criativo e motivador, não contesto a Psicologia Educacional quando advoga que a motivação dos alunos é essencial para o seu sucesso educativo, mas questiono os meios que o professor tem ao seu dispor para materializar e operacionalizar a sua capacidade criativa e inovadora das práticas pedagógicas. O professor tem de motivar e o aluno tem de estar motivado...
Parece-me que a maior boa vontade e profissionalismo dos professores, o famoso quadro preto e o giz branco não poderão ser a poderosa varinha de condão que transformam as nossas cinzentas e monótonas escolas em espaços "cor de rosa" onde será agradável estar e aprender, onde a escola seja capaz de competir/colaborar com as inúmeras atracções sociais e tecnológicas que conquistam os nossos alunos.
A massificação do ensino, o meio social, as condições de trabalho... ,ou a falta delas, exigem muito do professor, que não pode arcar isoladamente com toda as consequências negativas e por isso deve co-responsabilizar e exigir do Estado aquilo que lhe compete na construção de uma Escola de Qualidade.

Dulce Rocha / Professora do 1º Ciclo

  
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Edição:

N.º 108
Ano 10, Dezembro 2001

Autoria:

Dulce Rocha
Professora do 1º Ciclo
Dulce Rocha
Professora do 1º Ciclo

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