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Brasil precisa urgente de planejamento familiar

Queiram ou não, a falta de planejamento familiar é responsável pela metade dos problemas agudos do país, inclusive grande parcela dos abortos. Se queremos definitivamente superar de uma só vez série de dificuldades históricas, precisamos introduzir uma disciplina que informe e oriente crianças e jovens sobre planejamento familiar nos três graus escolares, nas cerimônias religiosas, nos meios de comunicação, nos clubes, nos hospitais e em outros ambientes.
A marginalização social que atinge milhões de pessoas é originária prioritariamente do crescimento acelerado da população durante muitos anos, sobretudo da camada mais pobre. Há, sim, problemas de outras naturezas, mas de conseqüências menores, como o modelo econômico e social priorizado pelos governos, má distribuição de terras e de recursos financeiros, pauperismo resultante do valor do salário mínimo, desemprego e recessão econômica, ineficácia da legislação que protege direitos da mulher e da criança. Essas e outras questões semelhantes podem ser contornadas mais rapidamente por meio de decisões e diretrizes políticas, sem no entanto exigir que sejam despendidas fortunas de que o país não dispõe.
Um coro de grande magnitude reprime governos, religiosos e retóricos contrários ao planejamento familiar. Muitas instituições que protegem crianças e jovens servem única e exclusivamente para popularizar ministros, governadores, prefeitos e políticos que impressionam com palavras envolventes, mas que podem ser detonadas pelo número de escândalos e de seres humanos que morrem sem assistência nos hospitais, presídios e favelas.
Econômica e educacionalmente, não é possível precisar se são os governos ou as entidades protetoras de crianças e jovens, ou ambos, uma moléstia pretensiosa, inescrupulosa, que quer afetar a inteligência e a dignidade da população. Se há de fato propósito de fazer uma revolução familiar e educacional radical, comece pelo planejamento familiar. A Nação dispõe de escolas, igrejas, meios de comunicação, prédios públicos ideais para ensinar, instruir, formar crianças e jovens para uma vida sexual, pessoal e profissional digna.
É claro que, paralelamente, o país necessita produzir vacinas que imunizem cidadãos da doença da venda do voto e da corrupção. A par do replanejamento das estruturas sociais e familiares, outro remédio urgente de que o país necessita é eleger pessoas de bem, mulheres e homens que sejam confiáveis, competentes, sérios e ousados.
Nos últimos anos, a população honesta e trabalhadora é atingida por lanças perigosas e até mortíferas vindas de todas as direções. A marginalidade aumentou e o número de crianças abandonadas, resultado da falta de planejamento, não diminuiu. Não serão as políticas protecionistas que irão reverter este quadro de calamidade nacional, nem terão a capacidade de proporcionar suporte para desenvolver o caráter e a dignidade das crianças que precisam dessa oportunidade e de justiça cívica.
A Pátria que queremos construir para os próximos 10, 15 ou 20 anos reclama de amor e patriotismo. Planejamento deve caminhar ao lado da sociedade e de todas as instituições e poderes. Já se pode afirmar que não existirão escolas, hospitais, habitação, trabalho, alimentação, água, energia, locais para recreação e infra-estrutura adequada para todos, se não for feito planejamento familiar. Os resultados positivos influirão, progressivamente, na economia, política, ambiente familiar e empresarial, ação sanitária, formação escolar, desenvolvimento humano integral.

Pedro António Bernardi


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 184
Ano 17, Dezembro 2008

Autoria:

Pedro António Bernardi
Jornalista, economista e professor, assessor e consultor de comunicação, autor do livro Palavra Amiga. pedro.professor@gmail.com
Pedro António Bernardi
Jornalista, economista e professor, assessor e consultor de comunicação, autor do livro Palavra Amiga. pedro.professor@gmail.com

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