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Professores e veterinários

?Há professores que causam um tal trauma nos alunos que os fazem detestar a disciplina que lhes dão!? É com esta constatação que Pilar Sánchez resume a actuação do mau professor. Por isso antes de dizer o que pretende fazer quando estiver perante a sua primeira classe diz o que não quer fazer: ?Traumatizar os alunos!?

Quando soube que tinha ficado aprovada nas «Oposiciones», as provas que em Espanha determinam se um professor tem ou não um lugar no Ensino Público, Pilar Sánchez, nem queria acreditar.
Aos 26, a professora primária foi destacada para dar aulas numa Escola Rural Agrupada, que pertence a um agrupamento de escolas no interior da província de Teruel, na Região Autónoma de Aragão. Nascida em Cella, uma vila a 60 km do local para onde foi destacada Pilar prefere o meio rural às grandes cidades. ?Estás mais em família!?, justifica-se.
Apesar da proximidade entre a sua casa e o trabalho, Pilar vai mudar-se para a povoação onde fica situada a escola. Primeiro porque entende que desta forma se pode inteirar melhor dos problemas que afligem a comunidade educativa que vai ensinar. Segundo porque naquela região é costume nevar muito no Inverno e como ?a estrada não é das melhores?, a professora acredita que será ?mais seguro e menos cansativo?. 
Em Espanha, o curso de professor de 1º ciclo de Ensino Básico é de três anos e equivale a um bacharelato. A passagem do curso a licenciatura tem sido uma das exigências dos sindicatos de professores espanhóis. Pilar também acredita que uns anos mais de formação podem fazer a diferença no que toca à qualidade do ensino. ?Quanto mais novas são as crianças mais difícil é alcançar o seu mundo, logo será necessário mais formação para o poder fazer?, constata. E para deixar clara a sua posição recorda uma metáfora que um dia ouviu de um dos seus professores: ?Um veterinário vai cuidar de animais e estuda cinco anos, um professor primário vai cuidar de crianças e estuda apenas três!?

Agora é a sério

Em três anos na Escola Universitária de Professores de Ensino Geral Básico, em Teruel, Pilar aprendeu muitas teorias, alguns métodos de ensino mais inovadores, outros mais clássicos. Mas a professora acredita que só vai ter ideia do método que vai empregar para ensinar quando se encontrar frente a frente com os seus alunos. ?Até que isso aconteça só posso falar na teoria?, acrescenta. E mesmo o estágio que precede a entrada ?a sério? no mundo da educação pode ser enganador para aqueles que julgam tirar dele a prática necessária ao iniciar da profissão. No caso de Pilar durante o estágio a professora leccionou apenas inglês numa classe de 23 alunos todos da mesma idade. Agora, na escola unitária onde vai iniciar a profissão, Pilar terá de ensinar alunos com idades entre os três e os sete anos e para além da língua inglesa vai ser professora geral e dar matemática, língua castelhana, entre outras matérias.
Como professora primária, Pilar acredita que o seu maior desafio de um será o de motivar os alunos para a aprendizagem. Como tenciona fazê-lo? Procurando sempre ligar a matéria da sala de aula ao mundo que existe fora dela. E sobretudo ?nunca fazendo parecer as coisas mais bonitas do que são na realidade?.


  
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Edição:

N.º 127
Ano 12, Outubro 2003

Autoria:

Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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