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Escolas japonesas rejeitam manual de história controverso

Mais de 500 escolas públicas japonesas decidiram não adoptar o manual de história que tem gerado controvérsia por causa das suas posições revisionistas, segundo o movimento de cidadãos Crianças e Livros do Japão - Rede 21, que se opõe à difusão daquele livro.

"O nosso inquérito mostra que 98% dos comités educativos de 542 escolas públicas locais não vão adoptar este livro" refere Ayako Okino, que integra a direcção daquele grupo. "Será talvez cedo para cantar vitória, mas já ganhamos quanto mais não seja por ter envolvido um amplo movimento cívico", disse a senhora Okino, sublinhando que a Rede 21 manteve mais de um milhar de reuniões com responsáveis escolares de todo o país para sensibilizá-los da sua iniciativa. O grupo Rede 21 agrupa cerca de 4200 pessoas que, por sua vez, representam outras tantas associações, e mensalmente mais de 150 pessoas aderem ao movimento.

O polémico manual escolar foi elaborado pela sociedade para a reforma dos manuais escolares de história e é composto por historiadores e intelectuais nacionalistas convencidos de que o Japão tem uma visão "masoquista" do seu passado. O livro foi autorizado em Abril passado pelo governo, uma decisão que suscitou um coro de protestos não só no Japão, mas na Coreia do Sul e na China.

Nele se minimiza acontecimentos como o massacre de Nanquim (1937), que provocou a morte de mais de 200 mil pessoas e o sequestro de milhares de mulheres asiáticas e ocidentais utilizadas posteriormente como escravas sexuais. O livro evita termos como "invasão" para caraterizar a colonização de outros países asiáticos pelo Japão na primeira metade do século XX. No seu lugar, afirma-se que "o avanço em direcção a sul pelo exército imperial japonês permitiu aos países asiáticos acelerarem a sua independência face às potências colonizadoras europeias".

AFP

  
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Edição:

N.º 106
Ano 10, Outubro 2001

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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