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Televisão Digital

A televisão digital ? cujas emissões, em Portugal, deverão começar em 2002 ? vai provocar a mais importante revolução no sector audiovisual desde a transição do preto-e-branco para a TV a cores.
Tecnicamente, a televisão digital por difusão hertziana terrestre difere da actual por utilizar uma tecnologia que reduz todo o tipo de informações a um código binário. Esta alteração tem importantes repercussões na recepção de imagem e som, cuja qualidade melhora consideravelmente com a televisão digital, designadamente pela eliminando das perturbações na imagem ("fantasmas") ? num código binário não existem variações; ou existe imagem perfeita ou não existe nada.
Por outro lado, na televisão analógica, uma frequência (canal) corresponde a um só programa, enquanto na televisão digital o número de programas por cada canal se multiplica ? actualmente, varia entre cinco e sete. Assim, a gestão do espectro radioeléctrico torna-se mais fácil, permitindo libertar espaço para novos serviços (pay-TV, pay per view, televisão interactiva) e introduzir outros serviços, como a internet, transformando o aparelho televisor num portal mais acessível à generalidade dos cidadãos do que um computador.
Além disso, a televisão digital possibilita uma cobertura mais vasta do que o cabo ou o satélite, o que permitirá oferecer uma gama mais alargada de programas e serviços a quem actualmente dispõe de uma reduzida oferta televisiva. A possibilidade de outros tipos de recepção (portátil e móvel), constitui outra das vantagens da anunciada ?televisão do futuro?.
Uma vez que o formato digital permite a transmissão de dados, voz e imagem num mesmo suporte, está-se perante uma verdadeira convergência multimédia, cuja palavra-chave é flexibilidade. No entanto, estão ainda por definir muitas questões.
De facto, para ter acesso à nova tecnologia, o consumidor deverá possuir um descodificador (Set Top Box), cujo preço actual ronda os 50 contos, ou, futuramente, um televisor digital, que a preços correntes constitui uma opção muito dispendiosa, na ordem dos milhares de contos. Por outro lado, enquanto os descodificadores forem necessários, a sua normalização torna-se urgente, uma vez que os consumidores não estarão dispostos a ter em casa diversos aparelhos, cada qual relativo a um operador ou canal.
Outra das incógnitas reside em saber se a indústria audiovisual conseguirá produzir conteúdos com qualidade e quantidade suficientes para motivar os espectadores a investirem na passagem para o digital. E a forma como esses conteúdos serão disponibilizados ? em sinal aberto ou codificado ? é outra das questões, embora os especialistas nacionais sejam unânimes em afirmar a necessidade de encontrar modos de financiamento alternativos ao mercado publicitário, completamente esgotado.
Mas, apesar de tudo, a transição de formatos apresenta-se como inevitável, uma vez que, após um período de coexistência de ambos os sistemas, o analógico será desligado, subsistindo o digital. Saber quanto tempo poderá durar a coexistência ? as previsões apontam para 10-15 anos ? e quem irá financiar os elevados custos da transição são as derradeiras interrogações suscitadas pela televisão digital.
Em Portugal, o ?salto no escuro? deverá começar ainda este ano, com a abertura de concurso público para exploração da plataforma digital terrestre, num investimento total em infra-estruturas que rondará os 100 milhões de contos.


  
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Edição:

N.º 89
Ano 9, Março 2000

Autoria:

Redacção

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