Perguntas P1 - Concorda com as recentes propostas tendentes à dspenalização do consumo de drogas, nomeadamente a discriminalização dos jovens consumidores dos 12 aos 16 anos? P2 - É este o melhor caminho? Respostas Odete Santos Deputada do Partido Comunista Português R1 - É a perseguição penal dos consumidores que combate o tráfico? Em minha opinião não é. O tráfico combate-se com o desenvolvimento social. Se os jovens puderem encarar as perspectivas de um futuro que eles próprios estão construindo; se a escola for "risonha e franca", como escreveu outrora Trindade Coelho; se a família não for afectada por factores de violência... o tráfico sofrerá graves revezes. (...) R2 - É claro que não será o melhor. Mas o melhor fica no país da utopia. O melhor passaria por medidas, a nível mundial, e a nível de cada país, de verdadeiro combate transfronteiriço. O que exigiria que em todos os países do mundo estivesse instaurada uma verdadeira democracia. Para que não se pudesse branquear o dinheiro proveniente do tráfico. Para que os camponeses da Colômbia pudessem dedicar-se à agricultura sem morrerem à fome, em vez de se dedicarem ao cultivo das plantas que alimentam a Convirá, no entanto, explicitar que a discriminalização, só por si, não combaterá o tráfico. Na Holanda, segundo as últimas estatísticas da justiça a que tive acesso, tem vindo a aumentar o número de presos condenados pelo tráfico de droga. Será preciso implementar uma política de juventude que efective o direito de cidadania. Para todos. E muito especialmente para as crianças e jovens. Manuel Freitas Gomes Médico Psiquiatra R1 - Entendo que as medidas repressivas não são reabilitadoras. Porém, esta ou outras medidas, devem ser profundamente apoiadas por uma política cada vez mais interessada e esclarecida sobre o "prevenir o consumo de drogas". Quando se facilitam consumos, ou as pessoas estão devidamente prevenidas para não usarem drogas ou o aumento do consumo será significativo. R2 - O melhor caminho para combater qualquer doença é, e será sempre, um claro e objectivo conhecimento sobre as suas causas e consequências. Miguel Pinto Presidente da Federação Académica do Porto R - Falar de droga é certamente um assunto complexo, que mesmo nos meios científicos não reúne consenso, quer na forma de prevenção/intervenção, quer mesmo nos conceitos, nomeadamente no que diz respeito ao que são drogas leves e duras, se a toxicodependência é um comportamento desviante ou uma doença. No entanto, parece-me positivo o facto de se despenalizar o consumo de drogas consideradas leves. Isto, porque não me parece que através de uma política de repressão se poderá diminuir o consumo. Talvez assim se dismistifique o fascínio aparente que leva muitos jovens a experimentar as chamadas drogas leves. Parece-me, no entanto, que esta despenalização não poderá ser dissociada de uma prevenção efectiva e não demagógica, como são muitas das campanhas que nos últimos anos têm pouco ou nada contribuido para a diminuição do consumo.
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