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Combustíveis alternativos ao petróleo ainda são minoritários e caros

ENERGIAS 

O petróleo vai continuar a ser a maior fonte de energia do planeta durante décadas porque alimenta principalmente os sectores da química e transportes, em forte crescimento, e para os quais os substitutos existentes ainda são raros e caros. A procura de petróleo deve aumentar 37% até 2030, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Os transportes, a indústria química e, em menor medida, a calefacção são os principais responsáveis pelo aumento do consumo de petróleo. "Sectores em que a substituição não é fácil", comentou Lawrence Eagles, analista da AIE.
Com relação ao aquecedor (calefacção), o gás natural é um possível substituto, já o carvão, uma alternativa menos viável. A procura de gás deve, portanto, aumentar bastante: a AIE prevê um aumento de 2,1% por ano até 2030 contra apenas 1,3% para o petróleo. Mas o gás é mais difícil de transportar e armazenar que o petróleo, e impõe problemas de dependência energética, sobretudo com relação à Rússia, primeiro exportador mundial. No sector dos transportes, o petróleo é amplamente dominante, com uma parte do mercado de 94%, contra 1% para os biocombustíveis, e 5% para a electricidade e o carvão.
Ao mesmo tempo, a procura de biocombustíveis está em queda. Produtos à base de beterraba, oleaginosas, cereais ou açúcar, são muito caros e amplamente subvencionados.
A sua eficácia ambiental tem vindo a ser cada vez mais contestada porque a sua produção consome muita energia. Sem falar da alta dos preços dos input agrícolas e dos alimentos que estas práticas têm vindo a provocar há meses. Outra alternativa: as baterias a combustível, mas estas são também muito caras e requerem uma adaptação radical dos veículos.
A longo prazo, o carro eléctrico é uma opção, mas precisaria de um forte aumento da produção de electricidade. "O petróleo não tem um verdadeiro concorrente no âmbito dos transportes, mas isso não quer dizer que não haja alternativa: a utilização do comboio, autocarro e qualquer tipo de transporte colectivo. Podemos também viajar menos", comentou Leo Drollas, director adjunto do Centro de Estudos de Energia Global (CGES, Centre for Global Energy Studies).
No sector da química, em forte expansão não existem muitos substitutos a médio prazo, reconheceu Daniel Marini, da União das indústrias químicas. Algumas alternativas (carvão, gás natural, química verde à base de matérias orgânicas) não são ainda bastante económicas para viabilizar uma verdadeira substituição, mesmo se países ricos em carbono como a China desenvolverem a carboquimica. No acordo de Grenelle sobre o meio ambiente, as indústrias químicas comprometem-se a aumentar os seus abastecimentos em matérias renováveis de 7% para 15% nos próximos dez anos: uma meta "ambiciosa demais" na visão de Drollas.


  
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Edição:

N.º 173
Ano 16, Dezembro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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