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O jogo e a multiculturalidade
O jogo assume na actualidade um papel preponderante de inclusão numa sociedade cada vez mais multicultural, o multiculturalismo presente na nossa sociedade é um facto muitas vezes esquecido, e é vivenciado sem que o mesmo exista. O jogo é uma actividade que não diferencia a cultura, mas sim uma forma de aproximação da cultura, esta actividade motora é por muitas vezes um importante estímulo à imaginação.
Na escola, o jogo deve ser entendido não como um factor de relaxamento, de libertação de energias, mas sim um aliado fundamental a uma inclusão social e um motor de aprendizagem, de expressão e de desinibição.
O jogo esteve presente nas nossas vidas desde sempre, e não deve ser esquecido. Todos nós, enquanto crianças, brincávamos jogando, e esse jogo era o factor de motivação e de interesse global. Recordar os jogos que fizemos em criança é vivenciar recordações que nos permitem despertar para esses momentos que não queremos esquecer, quando recordamos jogando é como voltarmos à nossa infância onde nos comportamos como crianças, como agíamos na altura, sem inibições. As aulas na escola não devem ser mais do que um jogo de descoberta, de novos assuntos, novos temas abrindo novos horizontes. No decurso da nossa vida, a mesma não passa de um jogo, em que aprendemos a jogar cumprindo as regras de jogo e aceitando a sorte ou azar no decorrer do jogo.
Devemos aceitar o jogo na nossa vida e aprender a joga-lo, utilizando as nossas capacidades e a nossa imaginação para chegar-mos ao fim do jogo com a percepção que jogamos com sinceridade.
Só o jogo, nos permite aprender a crescer brincando, vidas levadas muito seriamente, são desprovidas da alegria de brincar, sabemos que o brincar assume enquanto crianças um papel fundamental na formação de uma personalidade, devemos pois, proporcionar às crianças espaço para brincar e desenvolver a sua imaginação, sempre jogando.
As escolas centros de aprendizagem, esquecem a maior aprendizagem que as crianças devem ter na actualidade, o jogo, a brincadeira, são os últimos a realizar e desenquadrados do que é ser crianças. É fundamental criar nas crianças o gosto pelo jogo e pelo brincar, mas como consegui-lo? Devemos dotar as escolas de espaços lúdicos, espaços verdes, espaços multiculturais, e de recursos humanos com informação e formação na área psicomotora lúdica, que dinamizem esses espaços e transformem a escola num espaço lúdico multicultural e multidisciplinar. O espaço organizado que é atribuído à educação lúdica é muito reduzido ou nulo, é importante ter em conta que quando reformulamos algo, não o devemos fazer sem descurar áreas nem saberes, é importante reformular-mos com consciência que as diversas áreas existem pela própria necessidade criada.
Todas as escolas estão enquadradas numa diferente realidade social, com mais ou menos multiculturalidade, o papel delas deve ser então combater os desafios que dai surjam, e isso só é possível pela associada mutabilidade social, a que esta tem que estar preparada. Defendo uma escola social multicultural e multidisciplinar, uma escola inclusiva, mas sem dúvida uma escola lúdica, onde o aprender não seja castigo, mas sim o apreender seja um gosto, e isto só pode acontecer onde a escola seja um espaço de jogo da descoberta. Devemos pois estar atentos e ser-mos os agentes motrizes desta mutabilidade escolar. A sociedade actual encontra-se mergulhada num conjunto de problemas sócio-económicos, e molda a sociedade como uma sociedade inerte, uma sociedade anti-social, uma sociedade apática e conformista.
Este será só um dos vários problemas decorrentes desta nova sociedade, uma sociedade que não acompanha o evoluir dos acontecimentos e não se prepara para um claro futuro, cingindo-se a procurar resolver o imediato.

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 169
Ano 16, Julho 2007

Autoria:

Gui Duarte Meira Pestana
Coordenador e Docente do Curso de Motricidade Humana Instituto Piaget, ISEIT - Mirandela
Gui Duarte Meira Pestana
Coordenador e Docente do Curso de Motricidade Humana Instituto Piaget, ISEIT - Mirandela

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