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Energia nuclear é solução controversa para o aquecimento global
A energia nuclear, cuja principal vantagem em relação às energias fósseis ? petróleo, gás, carvão ? é a de não emitir gases com efeito de estufa para a atmosfera, continua a dividir os peritos mundiais na luta contra o aquecimento global do planeta. Para os delegados do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (GIEC) presentes na III Conferência Intergovernamental sobre o Clima, que teve lugar em Banguecoque, na Tailândia, no final de Maio, o nuclear é uma das opções a ter em conta para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2).
"Tem havido uma longa discussão em torno da energia nuclear. Há países que se opõem completamente a esta solução e nem sequer a consideram como uma proposta a ser discutida", diz Renaud Crassous, do GIEC. Malcolm Grimston, um especialista em energia nuclear do observatório Chatham House, com sede em Londres, refere, no entanto, que esta recusa "não pode prolongar-se eternamente".
Para Stephan Singer, responsável pela área de clima e energia do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) na Europa, o nuclear não pode constituir uma alternativa sustentável e eficaz relativamente às energias fósseis. A Greenpeace alinha pelo mesmo discurso e afirma a sua oposição ao nuclear. Mas as fronteiras entre correntes favoráveis e desfavoráveis ao nuclear têm tendência a esbater-se no seio desta organização. Alguns dos mais conhecidos gurus da ecologia, entre os quais Patrick Moore, co-fundador da Greenpeace, e James Lovelock, figura de proa dos defensores do ambiente, declaram-se abertamente favoráveis ao nuclear.
"Certas personalidades envolvidas na defesa do ambiente já não rejeitam com tanta veemência a possibilidade de utilização da energia nuclear, facto que me leva a considerar que o debate evoluiu relativamente há quatro anos", estima Richard Tarasofsky, responsável pelo programa de energia e ambiente da Chatham House.
De acordo com a Greenpeace, encontram-se actualmente em funcionamento em todo o mundo 441 centrais nucleares, espalhadas por 31 países, com os Estados Unidos, a França e o Japão à cabeça, seguidos pela China e pela Índia. "A energia nuclear só é economicamente viável porque tem sido largamente financiada pelos governos", lembra Tarasofsky, denunciando os elevados custos deste tipo de energia. Stephan Singer reforça esta ideia e afirma que "não existe um único sítio em todo o mundo que seja aceite pelos geólogos como totalmente seguro para armazenar os detritos radioactivos", diz. De acordo com Charles Ferguson, cientista do Conselho de Relações Externas, organismo sedeado em Nova Iorque, a administração Bush é favorável à energia nuclear como forma de travar as alterações climáticas. No entanto, explica Ferguson, "apenas os países 'bons' podem, na perspectiva do governo norte-americano, ter acesso a este tipo de tecnologia. Aos países 'maus', como o Irão e a Coreia do Norte, deve ser vedado o seu acesso".

  
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Edição:

N.º 168
Ano 16, Junho 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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