Educação Para a Sexualidade: uma experiência em Ensino a Distância
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As questões relacionadas com a educação para a sexualidade e para a saúde são hoje preocupações presentes na sociedade portuguesa e nas políticas educativas e de saúde. Contudo, apesar de todos estes esforços, continuamos com um ?amargo de boca?. As estatísticas são claras. Portugal é o segundo país da Europa com maior número de adolescentes grávidas, apenas suplantado pelo Reino Unido, apesar de se poder afirmar que o conhecimento sobre comportamentos de risco estar relativamente generalizado. Por outro lado, enquanto que no resto da Europa a incidência de Infecções Sexualmente Transmissíveis diminuiu, em Portugal continua a subir. Como temos ainda muito para fazer neste campo, julgamos ser necessário aliar as novas tecnologias a este esforço de sensibilização, (in)formação e educação. Sobretudo em matéria de educação a distância, parece-nos que menos do que o desejável tem sido feito em Portugal. No âmbito da tese de mestrado em Educação Multimédia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, propusemo-nos desenvolver esta experiência de ensino a distância com o nome de ?Projecto SER MAIS ? Educação Para a Sexualidade Online? para os alunos dos 8º 9º anos de escolaridade da Escola EB 2,3 de S. Lourenço ? Ermesinde. Escolhemos, para esta experiência, a plataforma LiveLearn, desenvolvida pela Netliz, Sistemas de Informação, Lda. Este software possui boas ferramentas, nomeadamente a sala de aula virtual ? a que mais nos fascinou. A qualquer momento os professores e os alunos podem fazer conferências (áudio e vídeo) em tempo real, gravar e ver aulas, partilhar discussões interactivas de uma forma síncrona, etc. Para facilitar ainda mais a comunicação entre os diversos intervenientes existe um quadro virtual partilhado por todos, onde o professor coloca, também em tempo real, os conteúdos programáticos da aula, podendo desta forma colocar problemas e responder no momento às questões colocadas pelos alunos. Pretendemos, com esta experiência de formação a distância, que os constrangimentos que se colocam, quer a professores, quer a alunos, sejam minimizados ou mesmo dissipados pelo facto das abordagens das temáticas relacionadas com a sexualidade humana serem mais naturais e sem preconceitos, condições nem sempre conseguidas dentro da sala de aula. Importa salientar que, somos adeptos de uma formação a distância no sistema b-learning (blended learning), isto é, mista: presencial e online. É de extrema importância que este tipo de formação tenha esta vertente presencial. O estabelecer de um contacto professor com os alunos para se conhecerem e saberem quem é a pessoa que estará do outro lado da linha, irá permitir o estabelecimento de empatias necessárias para o sucesso da formação. E isto é tanto mais verdade quanto mais baixa for a faixa etária dos destinatários. Assim e antes da preparação e desenho das sessões, neste contexto denominado de aulas síncronas, foram analisadas as narrativas emergentes dos alunos nos fóruns que, de certa forma, denotaram a apropriação de discursos sociais relacionados, nomeadamente, com: papeis de género, ?normalidade? das relações afectivas, com os sentires, comportamentos e atitudes no âmbito das relações entre pares, etc. Assim, e a partir das categorias emergentes, foram organizadas cinco sessões que englobaram cinco temas: Sexualidade, Relações interpessoais, Namoro, Comunicação e relação e Gravidez na adolescência e IST?s. Centramos estas sessões em várias componentes do trabalho educativo, para o processo de decisão comportamental (a facilitação, a reflexão e a informação), com base em alguns modelos teóricos da saúde (e.g. Green & Krenter, 1991; Mehriar & Carber, 1990). Além disso e para o desenvolvimento dos diferentes temas, tivemos como pano de fundo a Metodologia de Paulo Freire (1975, 1978), utilizada para promover a reflexão do grupo sobre situações, histórias e palavras do quotidiano dos nossos adolescentes. Assim, os recursos e as dinâmicas foram interactivos e englobaram dilemas, histórias valorativas, barómetro de atitudes, entre outros. Aliado a estes princípios norteadores da nossa acção, tentamos criar um espaço informal de reflexão e debate, em que o moderador/facilitador funcionou mais como um participante e não tanto como um ?transmissor? de informação. Desta forma, todas as sessões previamente desenhadas, foram sendo reestruturadas de acordo com as necessidades que foram emergindo ao longo dos diferentes momentos. Em suma, consideramos que estas práticas síncronas, produziram importantes multiplicadores para a comunicação/ conversa interpessoal, transformando estes actores em protagonistas no âmbito dos seus pares.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 15, Maio 2006
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Autoria:
Docente na Escola EB 2,3 de S Lourenço. Ermesinde
Docente na Escola EB 2,3 de S Lourenço. Ermesinde
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