POLÍTICA INTERNACIONAL

O governo do presidente George W. Bush "tornou o mundo mais inseguro", afirmou recentemente o filósofo e sociólogo alemão Jurgen Habermas, representante da Escola de Frankfurt e autor, entre outros, de "O Discurso Filosófico da Modernidade" e "A Inclusão do Outro - Estudos da Teoria Política". "Não foi o perigo do terrorismo internacional que dividiu o Ocidente, mas a política do actual governo dos Estados Unidos, que ignora o direito internacional, marginaliza as Nações Unidas e está disposto a uma ruptura com a Europa", disse Habermas em declarações à imprensa alemã.
"Nunca até agora um governo americano tratou com tanta desconsideração os direitos civis no seu próprio país, os tratados internacionais e a própria essência da Carta das Nações Unidas, que proíbe as guerras de agressão".
Simultaneamente às suas críticas à administração Bush, o filósofo e sociólogo alemão, que com as suas teorias sobre o discurso democrático da sociedade, influenciou decisivamente o pensamento filosófico da Alemanha pós-guerra, toma partido do ideário americano e acredita que a actual política de Washington põe em risco as melhores tradições americanas.
Como contraponto, Habermas propõe uma política interna mundial baseada no direito internacional, já que, refere o intelectual alemão no seu mais recente ensaio, intitulado "Der gespaltene Westen" (O Ocidente dividido), um Estado mundial seria pouco realista e pouco desejável. Neste livro, o autor esboça a formação de um sistema com vários níveis políticos que tornariam possível uma política interna mundial sem um governo planetário. "A União Europeia poderia ser o primeiro exemplo deste tipo de iniciativa concertada?, explicou Habermas, acrescentando ser fundamental que a Europa aprenda finalmente a falar a uma só voz.