Corte no acesso à Internet afecta cerca de 100 escolas profissionais no paísQuerem mostrar que ?Portugal não é o país cor-de-rosa das novas tecnologias?. Alunos e direcção da Escola Profissional do Minho, em Braga, preparam uma ?Marcha pela Banda Larga?. Em causa a impossibilidade da ligação da escola à Internet.Na Escola Profissional do Minho, em Braga, prepara-se uma ?Marcha pela Banda Larga?. Alunos e direcção da escola protestam devido ao cancelamento do acesso à Internet que até 31 de Dezembro era fornecido gratuitamente pela Fundação para a Computação Científica Nacional através da Rede Ciência Tecnologia e Sociedade (RCTS). A agravar a situação o facto de a escola estar localizada no Sameiro, a 6 km do centro urbano, onde não existe qualquer tipo de acesso à Internet por cabo ou ADSL. Sem o acesso à RCTS a única ligação disponível à Internet é através de via telefónica. Para Cláudio Marques, director da escola, a situação é ?insustentável?: ?Uma escola profissional não pode fornecer a Internet aos seus alunos pela via tradicional porque é extremamente lenta e dispendiosa. Além disso, a Internet faz parte do nosso projecto educativo e temos imensos projectos parados o que acaba por afectar directamente o dia-a-dia dos alunos e da formação em si.? Mas o caso da Escola Profissional do Minho não é único. De acordo com a Associação Nacional do Ensino Profissional (ANESPO) cerca de 100 das 155 escolas profissionais do país continuam sem Internet. Cancelamento anunciadoO acesso gratuito à Internet, fornecido pela Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) a todos os estabelecimentos de ensino do país (do 1º ciclo ao 12º ano, politécnicos e universidades) do sector público e privado era pago pelo Programa Operacional para a Sociedade da Informação (POSI), da Comissão Europeia. Entretanto, o POSI deixou de financiar o acesso justificando a medida com o facto de a verba do programa se destinar ao investimento e não à manutenção do mesmo. Tal situação obrigaria a que depois de 31 de Dezembro de 2003 as escolas arranjassem uma alternativa para a manutenção das suas redes. Segundo o jornal Público, a FCCN terá contactado o Ministério da Educação para dar conta do corte do acesso à Internet e este terá decidido financiar as escolas secundárias públicas (do 5º ano ao 12º ano) enquanto o Ministério da Ciência e do Ensino Superior se encarregaria de financiar as ligações nos estabelecimentos do ensino superior e nos institutos de investigação. Sem Internet ficariam as escolas básicas e secundárias do ensino particular e cooperativo, incluindo-se nesta lista as escolas profissionais. A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) considerou esta atitude ?discriminatória?. ?Lamentamos o facto de as escolas só terem sido avisadas no dia 18 de Dezembro de que o acesso à Internet iria ser suspenso?, diz Sofia Reis, adjunta de direcção daquela associação. E acrescenta: ?O que a AEEP disse aos seus associados foi para se ligarem ao primeiro operador que encontrassem?? Nos casos onde o acesso à banda larga não existe ?vale a pena pressionar os operadores locais para saber qual a data prevista para a passagem de cabo?, aconselha Sofia Reis. Para a ANESPO, o cancelamento do acesso à Internet foi apenas uma gota de água no conjunto de sucessivos cortes que têm e vão continuar a atingir o Ensino Profissional. Todas as escolas profissionais do país foram afectadas. Entretanto, das 146 escolas associadas apenas 40 retomaram a ligação: ?As que não têm constrangimentos económicos voltaram a ligar-se por sua iniciativa, as outras continuam sem Internet?, confirma Joaquim Mário, da ANESPO. Uma situação "lamentável", diz, já que "os sucessivos cortes [de financiamento] fazem do ensino profissional um ensino de elite quando este era uma das vertentes do ensino secundário?, critica Joaquim Mário, realçando que na cidade de Lisboa ?há escolas profissionais com propinas elevadíssimas? o que faz com que os alunos comecem a abandonar este ensino. ?E se neste momento já há escolas profissionais que estão a encerrar os pólos menos centrais, quando se acabarem todos os financiamentos, em 2006, será dramático?, conclui. A PÁGINA tentou obter um comentário da junto da FCCN sobre esta matéria, mas até ao fecho da edição não foi possível obter resposta da parte da instituição.
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