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Avaliação para crescer

TRANSFOMAR UMA ECOLA POR DENTRO NÃO É FÁCIL, NEM RÁPIDO. TRABALHAR DE UM JEITO NOVO NA EDUCAÇÃO, SIGNIFICA PENSAR DE MANEIRA DIFERENTE O ACTO DE ENSINAR. ISSO SE REFLECTE NA SUA POSTURA FRENTE AO ALUNO, AOS COLEGAS, AO QUE SE DESEJA TRANSMITIR E AO MODO DE FAZÊ-LO. TUDO ISSO ENVOLVE SUBTILEZAS DE COMPORTAMENTO E ATITUDES.

O projecto pedagógico é a chave da gestão escolar. A cada ano ele deve ser revisto, e em alguns casos, reformulado. Só da prática surgem novas ideias, que por sua vez, alimentam novas práticas. A escola deixa de ser o ?Templo da Sabedoria Imutável? onde apenas acumulam-se conhecimentos, tendo no professor o depositário de todo o saber, para se transformar em local de descobertas e em ambiente voltado à reflexão. Nesta medida o educador passa a ser o mediador e facilitador do aprendizado. Cabe ao mestre criar situações de aprendizagem que possam influenciar o aluno e lhe servir de experiência para o resto da vida. Na terminologia atual., o conhecimento virou um meio para desenvolver competências. Professores e alunos devem ser capazes de continuar aprendendo pelo resto da vida. E o aluno deve saber agir e pensar criticamente. Contemplam-se, assim, os princípios básicos da cidadania, reconhecendo-se as diferenças, inserindo-se nelas, sem perder suas individualidades.
A escola de hoje deve, portanto, aceitar e valorizar as diferenças propiciando a educação multicultural, o reconhecimento do ritmo próprio de cada aluno e oferecer atendimento especial aos educandos que não têm o mesmo ritmo que a média da turma. Nesta perspectiva, a questão da avaliação é fundamental e conforme indica Perrenoud, «no ambiente escolar, a avaliação só faz sentido se usada como instrumento de diagnóstico visando a superação de dificuldades por parte do aluno».
Engana-se o educador que, com as notas fechadas, boletins entregues e diários completos, pensa que estejam encerradas suas actividades pedagógicas. Dar provas, corrigi-las e entregá-las não é suficiente para o educador do novo milénio. É preciso saber onde estão as falhas para planejar o que e como ensinar. Basta que alguns alunos tenham ido mal nas provas para que se pense na possibilidade de mudanças.
Ao rever seu trabalho o professor aprende e solidifica um caminho seguro. O importante é ter vontade de mudar e usar os resultados para reflectir sobre a prática. Até os anos de 1960, 80% do que se ensinava eram fatos e conceitos. A prova tradicional avaliava bem a capacidade de memorização dos alunos. Hoje, essa cota caiu para 30%. Além de fatos e conceitos, os estudantes devem conhecer procedimentos e desenvolver competências.
É consenso que o aprendizado na sala de aula não se dá de forma uniforme. Cada um de nós tem seu ritmo, suas facilidades e dificuldades. Para o diagnóstico desta diversidade, as avaliações cumprem importante papel. Para tanto, propomos que se realizem levantamentos estatísticos simples sobre o número de acertos e erros dos alunos da turma, mapeando, assim, pontos bastante específicos dos conteúdos ministrados em que os alunos tiveram maior dificuldade de aprendizado. A visualização das dificuldades dos alunos pode contribuir para um melhor  planejamento dos professores.
O educador tem o dever ético de dizer ao aluno para que serve o aprendizado e onde essa conquista poderá levá-lo. Modificando a forma de ensinar após cada processo de avaliação, buscando maneiras diferentes de trabalhar para atingir um mesmo objectivo, tendo sempre em mãos diferentes possibilidades de execução de tarefas significativas, em vez de exercícios formais esvaziados de sentido, será possível,  finalmente, ao educador, encontrar o caminho para rever o processo avaliativo:  investigativo e não punitivo; interessante e envolvente e não ameaçador e criador de fugas e desistências.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 129
Ano 12, Dezembro 2003

Autoria:

Ricardo Marinho dos Santos
Centro Universitário Moura Lacerda, Brasil
Maria Cristina da Silveira Galan Fernandes
Centro Universitário Moura Lacerda, Brasil
Ricardo Marinho dos Santos
Centro Universitário Moura Lacerda, Brasil
Maria Cristina da Silveira Galan Fernandes
Centro Universitário Moura Lacerda, Brasil

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