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Mudos

Dar voz aos mudos seria um papel dos docentes. (Já agora, era só mais uma tarefa).

Só se pode falar quando se sabe falar; há quem escreva sem saber escrever, mas isso é outra coisa! Nem todos podem ser "génios" do futebol, muitos terão de ser trabalhadores nas obras. Nem todos podem ser cantores, jornalistas, heróis do mar, do ar, bombardeiros, metralhadores - castigadores dos que se "comportam mal".
Os docentes, armados de uma sabedoria suficiente, poderiam ajudar as crianças, os jovens, os adultos, os idosos, a terem voz. Quanta gente passa uma vida sem nunca ter podido escrever num jornal; e no entanto, muita dessa gente tinha o que dizer. Tanta gente tinha assunto, algo para contar e nem sequer aprendeu a ler...
Também há os mudos por opção. É uma questão de posicionamento neste mundo. Mudo no Mundo! - mas que belo refrão! Não é "Mudar o Mundo" - não se querem mudanças, querem-se silêncios, para que haja calma. Conheço quem defenda tal sábia postura: "entrar mudo e sair calado". Por razões muito diferentes, estou em achar que é assim que a maioria da humanidade pela crosta do planeta passa: são os milhares de milhões de mudos, calados pelas mais diversas razões.
Era então tarefa de nobreza infinda dar voz aos mudos, dizia.
Mas os docentes (tema sempre a pensar) não são mais nem menos que os outros.
E falava o filósofo em dar à luz como a parteira.
Como irão alguns dar voz, se eles próprios, por razões que a razão bem entende, engrossam as fileiras dos mudos?


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 113
Ano 11, Junho 2002

Autoria:

Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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