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Visionarium - Um passeio pela ciência

Numa altura em que a tecnologia assume um papel cada vez mais determinante no progresso das nações, é importante despertar a curiosidade para a ciência e proporcionar espaços para divulgá-la. O Centro de Ciência do Europarque - ou Visionarium -, em Santa Maria da Feira, é um bom exemplo disso. Uma odisseia em cinco tempos, onde os sentidos se assumem como principais instrumentos de descoberta.
Logo à entrada, os olhos do visitante não podem deixar de reparar na abóboda interior, fazendo lembrar a cúpula de um observatório, suportada por uma estética estrutura metálica e contraposta por uma rosa dos ventos esplanada sob o pavimento. Uma abordagem aos descobrimentos, tema de fundo do centro de ciência.
A primeira sala do Visionarium - a de Magalhães, dedicada à odisseia da terra - reflecte a continuidade com a representação da entrada: a longitude e a latitude do lugar encontram-se gravadas no chão. A orientação, a posição e a representação cartográfica são os temas dominantes. E é o próprio navegador - virtualmente apresentado, à semelhança dos cicerones das restantes salas - quem nos recebe e convida a prosseguir. Mecanismos de funcionamento simples como a bússola, que levaram séculos a ser descobertos e compreendidos, são aqui explicados de uma forma lúdica.
Outro dos espaços retrata a odisseia da vida. Nele, somos recebidos pelo austríaco Gregor Mendel - pai da genética - num espaço cujo design evoca as circonvuloções do cérebro humano. As análises deste investigador permitiram-lhe expôr o que mais tarde viria a ser conhecido como leis da hereditariedade - ou leis de Mendel. A personagem, de aspecto austero, transmite, no entanto, uma mensagem que nos faz pensar: 'os humanos são todos únicos, mas, ao mesmo tempo, muito mais parecidos do que diferentes'.
Quando se entra na sala de Mendelaiev - a odisseia da matéria -, o visitante sente a impressão de ter entrado directamente na matéria. A semelhança advém das estruturas interiores, concebidas a partir de modelos de estruturas moleculares. Virtualmente presente, Mendelaiev explica a quem ali entra a alegria da descoberta e algumas das virtudes que a caracterizam: a paciência e a compreensão.
A mensagem do químico russo é clara: a matéria está omnipresente, mas é impalpável. A chave é observar, reflectir, compreender e experimentar. Uma viagem ao infinitamente pequeno, a um mundo real que nunca se toca directamente e que apenas se revela através de manifestações múltiplas e aparentemente desconexas. Ao mesmo tempo, é um jogo de recomposição do mundo, no qual o visitante toma conhecimento com todos os estados da matéria - sólido, líquido, gasoso e plasma - e observe as suas propriedades eléctricas, magnéticas ou comportamentais. Um jogo de recomposição do mundo.
Depois de um encontro surpreendente com uma personagem virtual - nós mesmos - o visitante entra na sala 0110 do Visionarium: a odisseia da informação. Com o aspecto de um circuito impresso, ali tudo é lógico, ordenado, integrado.
Ao considerar que a humanidade vive uma mutação completa devido ao desenvolvimento da electrónica, Marshal McLuhan foi o primeiro a exprimir a ideia de que, um dia, a inteligência humana seria ultrapassada ou estaria dependente de uma máquina. O desenvolvimento do computador e o papel das novas tecnologias, aqui representado, aparece explicado como uma etapa da evolução humana, porque ele é, antes de tudo, uma máquina que amplia as capacidades de quem o concebeu: o homem.
Na sala da odisseia do universo é Edwin Hubble quem nos recebe. O astrónomo americano, a quem se deve a descoberta de galáxias fora da Via Láctea, a teoria da expansão do universo e a classificação de inúmeras galáxias, fala-nos dos vários modelos de representação do universo ao longo dos séculos. Numa montagem que traduz a ilusão da terceira dimensão, podemos confrontar-nos com a vertiginosa expansão do universo.
Noutro dos espaços do centro de ciência do europarque 'o sonho impele a exploração'. É o tema sob o qual o visitante pode aceder, através de um espectáculo multimedia, a uma viagem pelo sonho dos exploradores. Representado por duas personagens oníricas que se questionam existencialmente - 'onde estou, quem sou e quem eram estes sonhadores' -, deambulam pelo desejo de descoberta e traduzem pensamentos sem qualquer ordem cronológica ou temática. Mas do aparente emaranhado criam-se laços entre assuntos, afirmações e factos, que ajudam o visitante a contextualizar o diálogo.
Outro dos espaços a não perder é o campo de jogos científicos, onde se proporcionam quatro equipamentos, de carácter lúdico, dedicados a experiências. No órgão de arquimedes, por exemplo, um conjunto de tubos imersos num tanque emite sons ao ser manipulado. O jardim planetário - um modelo à escala do sistema solar - é outra dos motivos de interesse. Aqui, o proibido é mesmo não mexer.
Mais descobertas podem ser testemunhadas ao vivo na sala de demonstrações. Um espaço especialmente concebido para a apresentação monitorizada de experiências em condições de segurança e de visibilidade. Demonstrações inspiradas na actualidade científica, complementadas por actividades oferecidas nas salas de exposição permanente e susceptíveis de satisfazer a curiosidade do visitante em questões particulares.
O Visionarium conta ainda com uma sala de exposições temporárias. O objectivo é apresentar mostras - itinerantes ou outras - organizadas pelo centro de ciência ou por outros museus, bem como eventos de carácter científico de curta ou média duração.
A visita recomenda-se.

Ricardo Jorge Costa


  
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Autoria:

Ricardo Jorge Costa
Jornalista do Jornal A Página da Educação
Ricardo Jorge Costa
Jornalista do Jornal A Página da Educação

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