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alguns parágrafos sobre o mês de Novembro e sobre o trágico último dia de Outubro

Na madrugada do último dia de Outubro, na Ribeira Quente, freguesia açoriana do concelho da Povoação (ilha de S. Miguel), verificou-se um escorregamento de terras, vulgo, desabamento, que soterrou várias casas e causou a morte a 29 pessoas.¶

Cinco dias mais tarde, a 5 de Novembro, o Baixo Alentejo foi fustigado por um forte temporal que causou doze mortos e dezenas de feridos e de desalojados. Perante algumas dificuldades sentidas no apoio a dar às populações atingidas, o senhor primeiro disse que em Portugal 'não há uma cultura da protecção civil'.

Nos Açores a tragédia pode ser explicada pelos movimentos de massas verificados na Ribeira Quente, escorregamentos de pequena magnitude cujas graves consequências se ficam a dever ao facto de terem ocorrido de madrugada, numa arriba, sobranceira à freguesia, de 350 metros de altura, violentamente ensopada pelas chuvas, bastante escarpada e constituida de materiais não consolidados, como a pedra pomús e as cinzas vulcânicas. E no Alentejo? ¶

No dia 6 de Novembro Àlvaro Cunhal e Mário Soares debateram, em Lisboa, num frente a frente moderado por Joaquim Gomes Canotilho, professor de Direito em Coimbra, a questão da União Europeia e da crise da independência. A iniciativa (realizada 22 dois anos depois de um famoso frente a frente televisivo entre os dois políticos) foi radiodifundida, em directo, pela TSF, e, teledifundida, em parte e em diferido, pela SIC. O Diário de Notícias de 7 de Novembro publicou as principais intervenções.¶

Em Paris, no dia 16, Georges Marchais, antigo secretário-geral do Partido Comunista Francês morria vítima de uma ataque cardíaco. Contava 77 anos de idade. Na terça-feira anterior, a 11 de Novembro, a Kodak anunciava o despedimento de 10 mil trabalhadores, cerca de 10% do total mundial dos trabalhadores desta multinacional da fotografia.¶

No Egipto, em Luxor, a 17 de Novembro, às portas de um templo, um grupo islâmico metralhou mortalmente 67 pessoas, 57 das quais eram turistas. Em Portugal morria Orlando Ribeiro, geografo de referência, fundador e director do Centro de Estudos Geográficos.¶

No dia 20 de Novembro, o ministro António Vitorino, titular das pastas da Defesa e da Presidência, demite-se alegadamente por se considerar sob suspeita num caso de fuga a impostos que iria ser denunciado, no dia seguinte, no jornal 'o Público'. Na sequência, os casos de António Saleiro, o então governador civil de Beja, cuja nome aparece numa investigação policial sobre negócios, e de José Luís Judas, presidente da Câmara de Cascais, protagonista de um consecutivo esquecimento, de dois anos, na apresentação do IRS, dividiram os comentários dos jornais, das rádios e das televisões entre os que exigiam mais demissões e os outros.¶

O primeiro-ministro António Guterres substituiu António Vitorino por Veiga Simão, antigo ministro da Educação de Marcelo Caetano e antigo ministro da Indústria de Mário Soares. Na onda, o ministro da Economia Augusto Mateus foi demitido para dar lugar a Pina Moura, a ministra Maria João Rodrigues também foi exonerada e o ministério a que presidia absorvido por Ferro Rodrigues e, finalmente, o ministro Alberto Costa caiu sendo substituido por Jorge Coelho.¶

No princípio do mês de Novembro, na segunda-feira dia 3, realizou-se em Lisboa, no Hotel Altis, a apresentação pública do mais recente romance de José Saramago 'Todos os Nomes'. Desta ficção falou o professor Eduardo Lourenço considerando-a 'o mais romântico e romanesco dos livros de Saramago', (...) 'uma história de amor das mais admiráveis de toda a ficção portuguesa'. Saramago agradeceu dizendo que cada vez lhe apetece falar menos de literatura e mais da vida.

Trezentos quilómetros a Norte, no Porto, está anunciado para este mês de Dezembro, em que decorre a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de dia14, a apresentação do primeiro romance de Sérgio Luís de Carvalho. Esta ficção chama-se 'As Horas de Monsaraz' e tem a marca da Campo das Letras, mas este será parágrafo para a próxima edição.

JR


  
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Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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