Novo século, novos desafios!Urge fazer de forma dialógica a passagem de testemunho de 2000 para 2001. Lembremos que as designações têm peso na medida em que são indicadores de que "algo vai mal no reino do planeta" e que as Nações Unidas declararam 2000 como Ano Internacional para a Cultura da Paz e, não por acaso, mas por lógica sequencial, proclamam 2001 Ano das Nações Unidas para o Diáogo entre as Civilizações. Curiosa e saudavelmente a organização das tais nações unidas (?), por ocasião da Cimeira do Milénio, reconheceu, entre outras conclusões que era necessário renovar a própria organização. Brilhante, porque honesto! Para que a ONU se torne um instrumento mais eficaz ao serviço dos povos do mundo, de todos os povos de todo o mundo, digo eu, é veementemente pedido aos chefes de Estado ou de governo que: reformem os conselhos de segurança de modo a que possam consciencializar-se mais profundamente das suas responsabilidades a fim de possuírem uma real legitimidade perante o mundo; se assegurem de que a ONU dispõe de recursos que lhes são necessários para cumprirem as suas missões; verifiquem se o secretariado utiliza ao máximo os seus recursos no sentido de adoptar as melhores práticas de gestão e tecnologia existentes e de privilegiar as prioridades dos Estados membros; permitam efectivamente às organizações não governamentais e aos outros intervenientes, que não os Estados, que "entreguem" os seus contributos indispensáveis aos trabalhos da Organização. E pronto! Está tudo dito em matéria de intenções advindas de exame de consciências. Tiro o meu chapéu às intenções, também faço vénia ao exame, mas sobressalto-me com as consciências, ou melhor, com a consciência das consciências. Se estas forem o que as define, aí então teremos práticas em que o diálogo é o actor principal. Que ele viva, cresça e se multiplique! Alarguemos os significados, apelemos à generosidade e à nobreza da semântica escrevamos em voz alta. Como se vai dialogar sem primeiro alfabetizar? Como se vai mundializar sem perder identidade? Como se vai cooperar sistemas voltados para o progresso, isto é, sucesso relativo? Como se vai governar em conjunto sem instaurar uma governação mundial? Como se vai produzir mais, não confundir com melhor, sem ferir o desenvolvimento sustentado? Como se vai matar o medo se as ameaças recrudescem? Como se vai fazer a prevenção dos conflitos se eles se alojam, na maior parte dos casos, em países económica e socialmente pobres? Como se vai reconstruir o mundo, se se delapidam os recursos chamados naturais? Nos documentos, as respostas a estas e outras questões são prontas e claras na letra. Mas não há redes suportadas pelas mais avançadas tecnologias que substituam as redes da solidariedade, da igualdade de oportunidades e tratamento, das partilhas justas, enfim do diálogo de quem tem boca e ouvidos e, principalmente, consciência. Iracema Santos Clara E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima
|