Segundo o meu fraco entendimento, mas, curiosamente, também na opinião do dicionarista, "específico" pode ser sinónimo, se é que há sinónimos, de especial e/ou de exclusivo. "Este ano, haverá várias [semanas temáticas]. A primeira, prevista para o 1º período, tem como tema a educação sexual. Os materiais que os professores poderão utilizar para abordar esta matéria ao longo do ano chegarão, aliás, às escolas em Outubro. A educação para a cidadania e a educação ambiental merecerão também atenção durante uma semana específica." "Público" de 10 de Setembro de 2000
O jornal de onde foi extraída esta comunicação publicou uma extensa entrevista com o, à altura, Ministro da Educação. A transcrição não está na fala de Guilherme de Oliveira Martins mas em coluna sombreada que leva a crer ter como fonte responsáveis do Ministério da Educação. A dita coluna é iluminada por uma fotografia de, porventura, amostra dos referidos materiais. E então, vamos reprovar a imagem? Nem por sombras! Vamos ter medo da educação sexual? Muito menos, pois se andamos a exigir que seja obrigatória nos currículos, leia-se projectos educativos! Por que veio o dicionário à baila? É a história da semântica, é o receio de distorções, é a memória de intenções que de tal não passaram, é a escolarização das temáticas. É, enfim, o conjunto de comentários que se tecem, e bem, enquanto se assiste a um esgotar e sobrelotar o calendário com, por exemplo, "dia de ...". Sim, sim, no itálico lê-se ao longo do ano. Não obstante ser preferível ao longo da vida, aceita-se que no contexto se tome o ano escolar como referência. Depois, alinhar educação sexual e educação ambiental com educação para a cidadania, parece, no mínimo, uma distracção inadmissível. O que é cidadania? O que é ser cidadão(ã) de pleno direito? Este direito não pressupõe a formação, repete-se, formação, completa, integral, multifacetada e interligada? Mais, até a instrução por si mesma é cláusula da carta de cidadania. Ou não? Que as coisas ocupem os lugares certos. E só estarão nos lugares certos se não forem detentoras de assinatura vitalícia de camarote fixo, assim como nos Teatros de há umas décadas atrás. Para a "geral", estava-se dispensado de traje a preceito, ainda bem, mas havia que lutar, que gozo, por lugar de onde se participasse com cumplicidade no espectáculo. E a vida interveniente, logo com direitos e deveres, é coisa para ser tratada com muito respeito e, como soe dizer-se para o Sol, é para todos e para sempre. Até durante a minha noite é dia para o(a) outro(a) que faz parte do meu ser colectivo! Bem, estejamos atentos às semanas especiais e façamos muita força, quer dizer, muita acção concreta para que cada dia seja produtor de ferramentas que honrem e enriqueçam as anunciadas semanas temáticas. Iracema Santos Clara Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima
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