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A APEI e a Educação de Infância

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Quando contactados pelo jornal "A Página da Educação" foi-nos pedido um pequeno depoimento sobre o modo como a Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI) vê a educação pré-escolar no actual momento, depois de algumas alterações em termos de políticas educativas registadas essencialmente nos últimos cinco anos. Como associação de educadores, a APEI procura no seu conjunto de actividades estar informada, informar e divulgar os resultados dos vários encontros realizados com várias entidades e associações - Ministério da Educação, sindicatos, escolas superiores de educação, centros de formação - que nos solicitam pareceres e com as quais estabelecemos protocolos e parcerias.
Temos consciência de que neste momento as grandes preocupações se centram em:

- Dificuldade de emprego/colocação, nos centros urbanos, especialmente na rede pública do Ministério da Educação.
- Diferenças substanciais entre os educadores dos Ensino Particular e Cooperativo, as IPSS e o público.
- Tempo de serviço não contado para os educadores que trabalhem em estabelecimentos com valência exclusiva de creche.
- Situações de alguma confusão sobre diversas questões decorrentes da tutela única para os jardins de infância da rede pública e das IPSS.
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Contudo, chegam-nos ecos muito positivos sobre a ampla divulgação e visibilidade que o pré-escolar teve nos últimos anos, nomeadamente a publicação da Lei Quadro, as Orientações Curriculares, bem como outras publicações editadas recentemente, que traduzem a importância e o significado do pré-escolar, a qualidade das práticas pedagógicas e investigações realizadas e publicadas em Portugal.
Não podemos ainda esquecer que foi no ano 1999/2000 que se iniciaram os Complementos de Formação, permitindo o acesso ao grau de licenciatura aos educadores, em pé de igualdade com outros níveis de ensino. Neste aspecto, sente-se ainda algum desagrado pelos currículos implementados no ensino superior, mas também temos conhecimento de que os educadores, além de críticos, tiveram possibilidade de contribuir com relatos de práticas e conhecimentos que vão, com certeza, melhorar a qualidade dos mesmos.
Por outro lado, o facto de se associarem com outros níveis de ensino nos Agrupamentos de Escolas, tem tido, por um lado, aspectos enriquecedores, devido à troca de experiências entre os diversos níveis de ensino, dificuldades sentidas e mesmo preocupações comuns, pois as crianças são as mesmas. Por outro, têm surgido algumas questões para as quais os educadores tentam ainda encontrar respostas equilibradas e concertadas, porque se sabe que "alterações por decreto" têm o seu tempo de amadurecimento e efectiva implementação.
As questões da componente social em complemento de uma componente educativa, já implementada em muitos jardins de infância e legislada pelo Ministério da Educação, fez surgir algumas dificuldades, especialmente para os educadores que ainda não mantinham uma estreita relação de trabalho com a comunidade educativa de origem das crianças: pais, autarquias, outras associações locais...
Em síntese, julgamos que os educadores sentem que se realizaram alterações fundamentais, mas sendo ainda muito recentes precisam de tempo para "digerir" algumas situações, reflectir sobre outras, que vão surgindo todos os dias, numa sociedade em constante mudança, num mundo onde as mais recentes tecnologias estão presentes a par com grandes desigualdades sociais.
O educador de infância sabe que há novos sentidos e novos desafios na sua profissão, sabe que há muito a fazer e que as suas "frentes de acção" são muito diversas.
No próximo Abril de 2001, muitas destas questões serão abordadas no IX Encontro Nacional, espaço essencial para o encontro de muitos educadores, do qual sairão com certeza propostas e sugestões que a APEI transmitirá em tempo oportuno às diversas entidades competentes.

Maria Teresa Ferrão
Presidente da APEI


* Preferimos usar no título deste texto a expressão Educação de Infância por considerarmos mais abrangente (3 meses - 6 anos), dado que também uma das situações de desagrado referidas no texto tem exactamente a ver com a situação dos educadores na creche, portanto formalmente anterior à convencionada etapa pré-escolar.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 93
Ano 9, Julho 2000

Autoria:

Maria Teresa Ferrão
Presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI)
Maria Teresa Ferrão
Presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI)

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