Página  >  Edições  >  N.º 92  >  As Últimas Férias Grandes do Século

As Últimas Férias Grandes do Século

"Férias" causa satisfação arredondada por defeito, logo, "grandes" é uma licença poética.
"Século" assusta por tão grande em tempo e tão pequeno em progresso em puro sentido, ou seja, a propósito da defesa dos Direitos Humanos. Já agora, de salientar a nota positiva pelo facto de "direitos do homem" se transformar em direitos humanos. Positiva, é força de expressão por via de ser tragicamente necessário consagrar na declaração que os direitos das mulheres são direitos humanos.
Os salários da grande maioria dos(as) trabalhadores(as) no nosso país não autorizam aquela pausa relaxante e revigorante que o trabalho implica precisamente para que ele próprio aufira dos dividendos que tais momentos deveriam redundar em revalorização do capital investido.
E os desempregados, subtraindo a este número os patrões? Casos há em que lhes são negados, pelo menos, dois direitos: ao trabalho e à dignidade.
O século prestes a acabar tem assistido a notáveis progressos na ciência, na tecnologia e na comunicação. Contudo, lamentavelmente, tem falhado no aspecto de pôr termo às práticas de violência e de guerra.
Estas duas últimas asserções foram produzidas por Koïchiro Matsuur, director?geral da UNESCO.html">UNESCO, na declaração respeitante às razões da proclamação de 2000 com "Ano Internacional para a Cultura da Paz". Não são, naturalmente, ingénuas.
E, já que se fala de cultura e de paz, onde estão uma e a outra para os povos a quem a ambição de alguns ou a impiedade da Natureza movida pelas manobras de tantos outros levaram e continuam a levar ao desespero, à fome, à doença e à debilidade física e psicológica? Aqui, férias será sinónimo de tréguas?
É recorrente, mas não perde acuidade o facto de termos presente que 2000 é o "Ano Internacional para a Cultura da Paz" e que, também, neste ano de transição de milénio está a ter lugar a "Marcha Mundial contra a Pobreza e a Violência" promovida pela Federação das Mulheres do Quebeque e, ainda, umbilicalmemte ligada à construção da paz, decorre a "Campanha Mundial pela Educação para Todos e Todas".
São sinais de alarme a nível do planeta, ele próprio também correndo sérios riscos.
Desejos de boas férias para quem as tem! Votos de que sejam dados passos no sentido de os outros, e são muitos, lhes verem conferido o direito ao trabalho, logo, a férias.
A todos, um bocado do seu tempo para a reflexão e participação activa na luta emergente do dito popular "O Sol quando nasce é para todos".

Iracema Santos Clara
Escola E. B. 2/3 Dr. Pires de Lima


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 92
Ano 9, Junho 2000

Autoria:

Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto
Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo