Página  >  Edições  >  N.º 90  >  Onde o Aluno é Quem Mais Ordena

Onde o Aluno é Quem Mais Ordena

Escola de Summerhill vence braço de ferro com Governo britânico

(AFP)

A ameaça de encerramento da escola de Summerhill, em Inglaterra, foi levantada após um acordo assinado entre a direcção da escola e o ministério da educação britânico, reconhecendo-se a este estabelecimento de ensino o direito de manter os seus métodos educativos próprios. O recurso, apresentado pela escola no Supremo Tribunal de Londres, após uma inspecção ministerial desfavorável, foi retirado depois de três dias de deliberações, tendo o conselho de alunos aprovado por consenso o acordo estabelecido com o ministro David Blunkett.
Este acordo reconhece em particular à escola o direito de não impôr uma assiduidade obrigatória às aulas, exames e notas, enfim, tudo o que fez com que a reputação de Summerhill transpusesse as fronteiras da Grã-Bretanha. Carman Cardwell, um adolescente, presidente do conselho de alunos, afirmou que o texto é a "nossa carta para a liberdade: ela dá-nos o espaço que precisamos para viver, respirar e aprender para o futuro".
"Após 79 anos de existência, é a primeira vez que se reconhece oficialmente a filosofia de A.S. Neill como uma alternativa aceitável às aulas e à tirania dos exames obrigatórios", disse ainda Cardwell.
A escola de Summerhill, que acolhe cerca de sessenta alunos, foi fundada em 1921 por A.S. Neill, autor de uma filosofia de educação revolucionária baseada no livre arbítrio dos alunos e na ideia de que se aprende melhor o que se decide aprender. "Dar tiros" às aulas, trocar o estudo da matemática para previligiar a aprendizagem do desenho, são apenas algumas das práticas correntes no seio da escola, onde cada decisão sobre a vida interna é tomada em pé de igualdade: o voto de uma criança ou jovem vale tanto como o de um adulto.
Um relatório de especialistas do ministério da educação britânico, elaborado no ano passado, concluiu que o estabelecimento não cumpria as obrigações estatutárias de alojamento, sanidade e instrução, considerando que Summerhill incitava os alunos a "confundir a preguiça com o exercício da sua liberdade pessoal".
O ministério admitiu rever a sua posição inicial desde que a escola aceitasse um certo número de mudanças. "Summerhill irá encorajar os seus alunos a frequentar as aulas e a melhorar a qualidade de ensino e de avaliação", refere-se num comunicado. "A escola será alvo de um nova inspecção para verificar se cumpriu ou não estas recomendações", refere ainda a nota daquele organismo.
Geoffrey Robertson, advogado da escola, declarou em tribunal que o seu encerramento seria um "acto de vandalismo contra a educação", acabando com a "formidável herança" deixada por A.S. Neill.

Todos os direitos de reprodução e de representação reservados.
@ 1999 Agence Françe-Presse

sobre @ da Agence France-Presse

Jornal a Página da Educação nº 90 - Abril de 2000, pg. 13


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 90
Ano 9, Março 2000

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo