Quer se pergunte a um professor ou a um aluno, a um pai ou a um filho, as respostas não variam muito. A ideia de que o Ensino Secundário anda pelas "ruas da amargura" é generalizada. Como é que é possível que num país que se diz civilizado e em vias de desenvolvimento existam ainda escolas que não oferecem aos seus utentes as condições mínimas de conforto, acessibilidade ou mesmo segurança? Era exactamente por aqui, pela remodelação de todo o parque escolar que o Sr. Ministro deveria Ter começado as suas reformas. Mas, não. O Sr. Ministro da Educação decidiu contribuir ainda mais ao estado de abandono, marasmo, e incompetência a que esta área tem sido votada. Senão vejamos. Há cerca de um mês o Ministério da Educação veio a público, na pessoa da Sr.ª Isabel Antunes, do Departamento de educação básica, noticiar a inclusão de uma disciplina de Educação Cívica de carácter nos programas do 5º ao 12º ano. Mas, e por mais ridículo que pareça, o Ministério da Educação, na Proposta de Revisão Curricular para o Ensino Secundário não é apresentada a introdução desta disciplina no Sistema Educativo Português. É triste para um aluno ver que as pessoas que tutelam esta área vital para o desenvolvimento do nosso país e da nossa sociedade não têm o mínimo sentido de responsabilidade nem de coerência. Mas, as surpresas e as polémicas relativas á já célebre "reforma" para o Secundário não acabam por aqui. Segundo esta proposta, o Ensino Secundário passaria a ser composto por mais 3 agrupamentos a juntar aos quatro já existentes, sendo que, e ao contrário daquilo que o Ministério defende se vai tornar muito mais difícil senão mesmo impossível a um aluno que no 10º ano ingresse pelo 7º agrupamento (línguas e Literatura) no final do 12º ano seguir outro curso como direito, filosofia ou história. Esta especialização do ensino vai levar sem dúvida alguma a um aumento dos números de alunos que passado um ou dois anos de terem ingressado no 10º ano voltem ao principio pois aperceberam-se de que não era aquela área que queriam seguir. O ministério deveria antes demais pensar que não pode exigir a jovens de uma classe etária que ronda os 14/15 anos a escolherem com esta idade o curso que assados 3 ou 4 anos irão escolher. Lamentável é também o facto de as Associações de Estudantes e a sua Federação Nacional não terem sido informadas nem ouvidas neste processo que é dirigido em primeiro lugar a eles. De certeza que o Sr. Ministro não gostaria que o Eng. António Guterres toma-se nenhuma medida relativa ao Ensino sem lhe passar cartão. Se é para dar razão ao provérbio "pior a emenda do que o soneto" mais vale, Sr. Ministro, deixar-se estar sentado no seu gabinete á espera de que estes quatro longos anos da sua vida passem rapidamente. João Pedro Feijão Maurício (Coordenador do Ensino Secundário da JSD de Coimbra)
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