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Notícias do Superior

«Chumbo» nas privadas

A Inspecção-Geral de Educação (IGE) começou agora a debitar dados sobre as instituições de ensino superior privado. Não são muito actuais, dizem respeito ao triénio 1994/95, 1995/96 e 1996/97, mas são, pelo menos, precisos. Assim, de acordo com aqueles dados, 15 instituições de ensino superior privado obtiveram a classificação de «não aceitáveis», 49 suscitam «reservas» e apenas dez são «consideradas boas».
Entre aquilo que a Inspecção considera ilegalidades graves estão, por exemplo, «alguma incúria em aspectos de segurança das instalações, ilegalidades ou irregularidades no acesso de alunos, leccionação de alguns cursos não homologados, falta de órgãos de gestão ou não funcionamento destes conforme o estatuto, múltiplas insuficiências na qualificação académica dos docentes». Nas inspecções realizadas às instituições a IGE detectou também que «só em casos raríssimos» as escolas estão a investir na formação do seu pessoal docente.

Denúncias na Fernando Pessoa

A Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, está envolvida num imenso rol de alegadas irregularidades, no qual, ao que tudo indica, só a intervenção do Ministério da Educação poderá colocar alguma ordem. A situação foi levantada por um grupo de ex-professores em conjunto com o Sindicato de Professores do Norte (SPN) e as denúncias vão desde despedimentos colectivos ilegais, ou pelo menos duvidosos, a professores sem licenciatura e alterações dos planos curriculares a meio do ano lectivo, passando por má qualidade de ensino. Em suma, dizem o sindicato e os ex-professores, a UFP é uma «fraude»
O reitor da universidade, Salvato Trigo, nega todas as acusações, ameaça com os tribunais e já pediu à Secretaria de Estado do Ensino Superior uma inspecção urgente ao funcionamento pedagógico, científico e administrativo da instituição. O sindicato aplaude esta atitude, até porque quer ver a situação esclarecida.

Estudantes organizam jornada de luta

Continuando a sua «política» de contestação ao actual panorama do ensino superior, as academias organizaram uma jornada nacional de luta, para mostrarem ao Governo, e em particular ao ministro da Educação, as razões de tanto descontentamento e os motivos pelos quais exigem a revogação da Lei quadro de Financiamento do Ensino Superior (LQFES). O balanço de quatro anos de legislatura «cor-de-rosa» esteve sempre presente nas críticas: um corte de quase 2,5 milhões de contos no Superior.
Um pouco por todo o País, fez-se greve de zelo, encerraram-se simbolicamente algumas faculdades e, principalmente, distribuiram-se documentos de contestação e de informação para os menos esclarecidos. A Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto optou por uma visita guiada às suas instalações pré-fabricadas, as mais degradadas da universidade.
Mas, no Porto, o tom de contestação subiu de tom uma semana antes desta jornada de luta, com a inauguração de um monumento de cerca de dois metros de altura feito de sucata mesmo à porta da Federação Académica do Porto. A legenda é esclarecedora: «Este grilo só nos dá música e de qualidade duvidosa». Ao mesmo tempo, esta federação apresentava publicamente um balanço da legislatura socialista em matéria de educação e classificava o ministro Marçal Grilo: «Um quatro ou um cinco numa escala de zero a vinte».

Luísa Melo


  
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Edição:

N.º 81
Ano 8, Junho 1999

Autoria:

Luísa Melo
Jornalista
Luísa Melo
Jornalista

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