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Os(As) Arquitectos(as) do Mundo

Quem faz o esquisso para um desenvolvimento sustentável?
Quem assina o projecto de uma casa global harmoniosa?
Um homem? Uma mulher?
Perguntas sem cabimento. Para já e, antes de mais, mude-se o número para o plural e não se faça distinção de género.
Não se faça distinção? Exacta e paradoxalmente, porventura, porque as diversidades são o motor da igualdade e da partilha.
Há características específicas no aspecto biológico. Já as não há tanto no âmbito afectivo/emocional. Esbatem-se a nível de produção no trabalho. Anulam-se no campo intelectual. São igualmente zero no que respeita ao exercício do poder.
Ninguém que queira ser tido como civilizado, a menos que tradições e certos interesses sejam sobrevalorizados, como quem diz desumanizados, contesta estas afirmações. Se mais não fora, por decorrerem da declaração Universal dos Direitos Humanos e, em muitos casos, da lei fundamental, que não fundamentalista, do estado de que é membro.
Se o facto de constituir letra de lei merece uma nota positiva, esta não atinge o Bom e não raro raia o medíocre.
A nível do trabalho, por exemplo e sem sair de Portugal, a massa trabalhadora feminina, mesmo em casos de superioridade numérica, não se situa em pé de igualdade no exercício de cargos de decisão nem sequer em matéria salarial.
E a nobreza da maternidade que degenera quantas vezes em motivo de inqualificável exclusão?
Urge acabar com expressões, ou antes com as mentalidades que lhes dão voz, como: "a mulher desempenha as tarefas domésticas e o homem ajuda", "o homem sustenta o orçamento familiar e a mulher contribui com o que pode".
Isto para já não falar no que pretende esquecer-se: "o lugar da mulher é em casa", "onde há galo não canta galinha" ou "trabalha/dirige bem que até parece um homem".

Iguais não fomos! Iguais não somos! Iguais não seremos!
Felizmente!

Porém, quando se fala em direitos/deveres e oportunidades, o discurso muda. Diria mesmo que a realidade muda. Lamentável é que nem todos o saibamos, o proclamemos, o reivindiquemos!

Apesar de tudo, a esperança é a cor da tinta com que a mão de um homem e a de uma mulher subscrevem, com a mesma assinatura, o projecto do edifício a construir.

Iracema Santos Clara
Escola Dr. Augusto Pires de Lima / Porto


  
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Edição:

N.º 78
Ano 8, Março 1999

Autoria:

Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto
Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto

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