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Formar e Investigar em Educação

As ideias a propósito da Formação e Investigação em Educação são Ideias Gerais. Tal como Morin penso que pretender abolir as ideias gerais é a mais oca de todas as ideias gerais , pois todos os especialistas têm ideias gerais , sobre o amor , a morte , Deus , ou a Liberdade, por exemplo. Torna-se impossível abolir as Ideias Gerais devido a que por um lado , todos os homens têm inevitavelmente uma filosofia , por outro , a especulação a respeito de assuntos que atraem a atenção do homem mas não estão cientificamente resolvidos , existirá sempre , isto porque a cada novo conhecimento corresponde um Oceano de desconhecimentos . Qualquer partido político , por exemplo , terá necessariamente uma filosofia política aplicável, naturalmente, à Educação.Podemos entender a política como arte , técnica ou praxis. A política como prática é a acção ou conjunto de acções que certos indivíduos empreendem para dirigir ou dominar os outros . Podemos considerar a Política , neste sentido , como uma sabedoria, uma sageza, porque não sendo um conhecimento científico , também não é um não-conhecimento. É uma arte ou técnica, permite fazer ou agir. A questão da definição do que se entende por Formação e Investigação em Educação passa pela questão de definir em linhas gerais o que se pretende para a Educação, o mesmo é dizer para a Formação e Investigação em Educação. O próprio estatuto epistemológico do Investigador-Formador educativo é auto definido, ou é-o pelo poder político? A Política trata da vida humana; por isso é extremamente importante, e abrange todos os sectores da Sociedade. No caso Português , por experiência própria, julgo que seria fundamental definir claramente o papel do investigador educativo e do formador. Investigar é diferente de formar. Se encararmos Ciência como algo que nos permite prever , antecipar , controlar , verificamos que as Ciências da Educação, existindo já hoje no léxico comum encontram incontornáveis dificuldades de afirmação no plano teórico-epistemológico. As Ciências da Educação deveriam ter contribuído para a democratização do saber e tal não sucedeu ; será possível democratizar um saber cada vez mais fragmentado e complexo? Como reformar a sociedade sem reformar a educação? Perguntar quem educará os educadores é quase o mesmo que perguntar quem nos protejerá dos nossos protectores .

Maria Gabriel Cruz
UTAD/Vila Real


  
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Edição:

N.º 77
Ano 8, Fevereiro 1999

Autoria:

Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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