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Arte no hospital

Para a esmagadora maioria das pessoas, uma ida ao hospital não é, com toda a certeza, uma circunstância prazenteira. Muito menos para as crianças. Espaço frequentemente associado a mal-estar e dor física, a sofrimento e angústia, o hospital ocupa, por certo, um lugar obscuro no imaginário da maioria das crianças.
Conscientes desta realidade, os responsáveis pela obra de ampliação do Hospital Geral de Santo António (HGSA), no Porto, tiveram a iniciativa - que se não é original, é, pelo menos, pouco comum - de promover uma decoração específica para a nova área do serviço ambulatório de pediatria, entregando a concepção e organização do projecto ao Centro Regional de Artes Tradicionais (CRAT).
Sob coordenação de Carlos Magalhães, a proposta apresentada passou pela implicação das crianças residentes na área geográfica do hospital, que desenharam e pintaram os elementos decorativos necessários à construção de um painel de azulejos com 130 metros quadrados.
Segundo o coordenador do projecto, três objectivos presidiram à sua concretização. Por um lado, -criar um elo de ligação entre o serviço de pediatria do hospital e a comunidade envolvente, através das instituições locais que diariamente trabalham com crianças". Daí que os autores dos desenhos utilizados na composição dos painéis sejam crianças utentes dos ATL das juntas de freguesia de Massarelos, Miragaia e Sé, da ludoteca de S. Nicolau e do Centro Social de Nª Srª da Vitória.
Por outro lado, pretendia-se que a decoração utilizasse motivos infantis, e não infantilizados - adaptando-se mais facilmente à idade dos futuros utentes. Finalmente, pretendia-se -transportar para o interior do hospital uma arte decorativa secular e com fortes referências no património urbanístico da área do hospital". A direcção artística e pedagógica foi assegurada por Elvira Leite e Rosário Forjaz, ficando a execução técnica a cargo do atelier de Joaquim Pombal.
Financiada pela Liga dos Amigos do HGSA, a obra está concluída e pode ser apreciada pelo público em geral até ao dia 12 de Outubro. A partir daí, só os "felizardos" utentes daquele serviço poderão deliciar-se com a riqueza pictórica e simbólica patente nos mais de 5.700 azulejos aplicados ao longo das paredes. Paralelamente, e também até ao dia 12, o espaço destinado ao atendimento das consultas externas está transformado em espaço de arte, com uma notável colecção de obras de Abel Salazar e uma mostra de diversos autores que trabalharam sobre a figura de Santo António.

António Baldaia


  
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Edição:

N.º 73
Ano 7, Outubro 1998

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