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Vai acontecer

Banda Desenhada

A Fábrica da Cultura, na Amadora, vai ser a capaital da BD, de 23 de Outubro até ao domingo de referendo à regionalização (8 de Novembro), ao receber o IX Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
Se mais motivos de interesse não houvesse - designadamente, uma galeria de autores portugueses, franceses e estado-unidenses, um ciclo de cinema organizado por José de Mattos - Cruz e centralizado nas relações cinema-BD («Cinemanimação») e a exposição «Os Jogos na BD», "importada" do festival de Angoulême -, duas efemérides bastariam: o vigésimo aniversário do "gato" Garfield e o 60º de Spirou.
Mas, acima de tudo, a edição deste ano do certame amadorense ficará marcada pelo nascimento do Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem - CNBDI, uma sigla a fixar...

Gil Vicente

O próximo espectáculo d"A Escola da Noite, «O Pranto de Maria Parda» assinala o regresso da companhia coimbrã à dramaturgia de Gil Vicente, na linha da herança do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) de cujo seio esta companhia nasceu.
Neste pranto, "Maria Parda lamenta-se pela falta de vinho nas tabernas de Lisboa, evocando os tempos em que ele era abundante e barato. Depois, resolve pedir o vinho fiado a alguns taberneiros que lho negam. Por fim, decide morrer e pronuncia um extenso testamento que se refere obsessivamente ao vinho".
Maria Parda será Isabel Leitão, sendo os taberneiros desempenhados por João Saboga, Mário Montenegro, Nuno Pinto e Ruy Malheiro. A encenação é de António Augusto Barros (tal como a cenografia, em parceria com João Mendes Ribeiro), a música tem assinatura de Paulo Vaz de Carvalho e os figurinos foram desenhados por Ana Rosa Assunção.
Décima oitava produção d"A Escola da Noite - a quinta de matriz vicentina -, «O Pranto de Maria Parda» estará em cena no mês de Novembro, no Pátio da Inquisição.

Jordi Savall e Outros

A Associação Industrial Portuense continua a porfiar na tentativa de afirmar o Europarque de Santa Maria da Feira na rota dos santuários musicais. E bons motivos não faltam.
Desde logo, no dia 10 (sábado), Jordi Savall deverá provocar a deslocação de uma multidão àquele recinto - à hora de fecho desta edição, «a Página» ainda não conhecia o programa, mas pode avançar que com Savall estarão na Feira a soprano Monserrat Figueras, Hesperion XX e La Capella Reial de Catalunya.
Exactamente uma semana depois, a soprano Jennifer Smith, os Segréis de Lisboa e o Coro Gulbenkian interpretam, sob direcção de Manuel Morais, as óperas «La Dafne» (Marco Gagliano) e «Il Combatimento di Tancredi e Clorinda» (Claudio Monteverdi).
Já para Novembro (dia 8), está agendado um recital da soprano Katia Ricciarelli, acompanhada ao piano por Vincenzo Scalera. Serão interpretadas árias de Bellini, Donizetti, Rossini e Vivaldi.

Flamenco

Atenção amantes do flamenco! O nome Carmen Linares diz-lhes alguma coisa? Obviamente que sim. Ou que não...
De qualquer forma, assinale na sua agenda os dias 30 e 31 de Outubro, escreva à frente "Centro Cultural de Belém" e faça jus aos milhões que se gastaram para abafar os Jerónimos - sempre hão-de servir para alguma coisa...
Natural de Linares (Jaen), Carmen Pacheco Rodriguez é, muito provavelmente, a maior intérprete feminina de flamenco em actividade, senhora de uma voz profunda e capaz de provocar as mais intensas emoções. Apesar dos seus mais de 25 anos de carreira, Carmen não se limita ao tradicionalismo, reinventando, a cada passo, o flamenco.
Dito isto, Carmen Linares é cabeça-de-cartaz de um duplo espectáculo, «Solo Flamenco», em que também participam El Güito, Yerbabuena e Maria Vivó. Obviamente, a não perder.
Também em Lisboa, mas no Coliseu, a música de Mozart e dos Queen vai ilustrar «Le Presbytère nía rien perdu de son charme ni le jardin de son éclat», pelo Bejart Ballet de Lausana (Suiça), de 22 a 25 de Outubro.

Alzheimer na Ópera

O motivo não é o mais feliz - Dia Mundial da Doença de Alzheimer -, mas a ocasião não é desperdiçável: dias 9 e 10, no Rivoli do Porto, e dia 12, no Gil Vicente de Coimbra.
Com música de Michael Nyman, libreto de Cristopher Rawlance e encenação de Jorge Listopad, «O homem que confundiu a sua mulher com um chapéu» é uma peça operática construída a partir da experiência de um doente de Alzheimer relatada pelo neurologista Oliver Sacks - identificada há 92 anos pelo alemão Alois Alzheimer, esta forma incurável de senilidade demencial (com cerca de 50 mil casos registados em Portugal) é provocada pela degenerescência cerebral e caracteriza-se por perda de memória, desorientação, depressão e deterioração geral das funções biológicas.
Interpretada por Elvira Ferreira (soprano), José Manuel Araújo (tenor) e Luís Rodrigues (barítono), sob a direcção musical de Fernando Fontes, «O homem...» retrata uma experiência de agnosia visual - ver, mas não reconhecer - e uma tentativa de combate à doença. O paciente começou por confundir a esposa com um chapéu e, progressivamente, foi perdendo algumas capacidades elementares, embora mantendo outras, mais complexas: embora deixe de reconhecer a sua própria cara, é capaz de cantar perfeitamente, e a música surge, então, como referência fundamental para a apreensão do que o rodeia, pelo que o casal se entrega à construção de um reportório lírico que permita pôr o doente em contacto com a realidade que o rodeia.
 
Irmãs e Prima

Considerado o mais talentoso grupo de câmara dinamarquês, o Trio Eskar, na foto, formou-se em 1994, reunindo as manas Emilie E. (violoncelo) e Julie E. (violino) e a prima Charlotte Thaning (piano). Praticamente desconhecido em Portugal, o Trio Eskar vai apresentar-se no Algarve - aceitam-se apostas sobre o local - para uma dupla actuação, sempre às 19h30: no dia 7 de Outubro, serão executadas obras de Mozart, Shostakovich, Schmidt e Ravel; no dia 10, serão interpretados Haydn, Werner e Schubert. Substancialmente diferente, promete ser a transição da tarde para a noite de 17, para quando está programada uma "noitada irishí, com o quarteto Slainte - "beba até o seu fígado rebentar, coma tanto quanto puder e viva a música, cante e baile como é costume na Irlanda", é o desafio que lhe é proposto.
Entretanto, até 28 de Outubro, está patente no mesmo espaço uma exposição de acrílicos sobre papel chinês, da autoria de Nuno Santiago.
Como não poderia deixar de ser, o palco deste quádruplo "crime" é o Centro Cultural São Lourenço, em Almancil (Loulé). A propósito - quando é que alguém se lembra de aproveitar 10 de Junho qualquer para medalhar a causa que o casal Huber (Marie e Volker) vem promovendo há anos?

António Baldaia


  
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Edição:

N.º 73
Ano 7, Outubro 1998

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