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A Educação como Instrumento para se Viver Juntos e em Paz

A dura experiência de Israel e da Palestina

Desde a sua criação, quando na década de quarenta assinalou que 'a paz está na mente dos homens', a UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) dedicou os seus principais esforços para desenvolver uma 'cultura da paz'. Agora, o desafio mais importante que enfrenta a pedagogia do final século XX, a meta é alcançar esse objectivo através da educação.
A 'cultura da paz' pode definir-se como todos os valores, atitudes e formas de comportamento, estilos de vida e maneiras de actuar, que reflectem e estão inspiradas no respeito pela vida.
Isso obviamente extensivo aos seres humanos, à sua dignidade e aos seus direitos. Isto significa repelir a violência, incluindo a do terrorismo em todas as suas formas, e um compromisso com os princípios da liberdade, justiça, solidariedade, tolerância e entendimento entre as pessoas e entre os grupos e indivíduos.
Em 1997, a Fundação Marcel Mérieux de Veyrier du Lac (Annecy, França) organizou , no Centro dos Pensadores, as Jornadas Israelito-Palestino sobre 'Passos para encontrar uma paz duradoura, Estudos comparados sobre educação para viver juntos: dando forma a nova satitudes para alcançar a paz através da educação'.
A experiência foi divulgada num trabalho publicado sob a direcção da Fundação Genebra e do Programa Interdisciplinar de Acção Humanitária na Universidade de Genebra, com o apoio da própria Fundação Marcel Mérieux e da Organização Internacional de Educação (OIE, da UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO), com sede em Genebra.
A OIE e a UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO consideram que esta iniciativa, destinada a desenvolver um programa de actividades dedicado a promover a paz entre Palestinianos e Israelitas através da educação, é necessário e importante. Este apoio é parte de todas as iniciativas que a UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO leva a cabo a diferentes níveis e dentro das áreas que lhe competem.
Em Setembro de 1993, quando o desaparecido Itzhak Rabín e Yasser Arafat deram as mãos nos jardins da Casa Branca em Washington, ficaram para trás 100 anos de conflito, 30 anos de terror, 26 anos de ocupação e 6 anos de Intifada (sublevação palestiniana nos territórios ocupados por Israel); além disso uma enorme carga de suspeição e ódio.

A CONVIVÊNCIA POSSÍVEL

O seminário realizado em Annecy analisou uma série de experiências inovadoras destinadas a promover a paz na região. Como partes do conflito, os Israelitas e os Palestinianos têm uma dupla responsabilidade: a de lutar pela democracia das suas próprias sociedades e a de construir pontes para atravessar as divisões étnicas. Neste contexto, resulta a necessidade de apreciar a contribuição dos educadores israelitas e palestinianos no processo de paz.
A partir dos anos oitenta, em Israel utilizou uma série de encontros de ensaios para judeus e árabes, atacando o núcleo central das desinteligências históricas entre ambos os povos: o problema étnico.
Em 1994 e 1995, desenvolveu-se o projecto europeu 'Juventude e História', que trata da consciência histórica entre os adolescentes. A investigação desenvolveu-se entre mais de 30.000 estudantes de 27 países, a maioria do décimo grau, o mesmo acontecendo com 1.250 dos seus professores de História.
Por outro lado, o Colégio para a Paz (SFP, as suas siglas em inglês), que luta para promover o conhecimento, a compreensão e o diálogo entre os povos, realiza encontros para crianças, jovens e professores na comunidade Neve Shalom/Wahat al Salam (NS/WAS). Trata-se de uma comunidade judaico-palestiniana baseada na actividade educativa permanente. NS/WAS é, provavelmente, o único lugar em Israel onde os grupos que participam se sentem por sua vez hóspedes e anfitriões.
Paralelamente, o programa 'Cuidados e Ensino' surgiu porque havia muitos jovens prisioneiros durante a Intifada - em 1987 - e o 'Comité para a Defesa das Crianças sob a Ocupação' israelita de Haifa, assim como as famílias das crianças encarceradas de Janin, começou a desenvolver actividades de rua, a promover a aprendizagem em casas particulares e a criar 'casas para crianças da localidade'.
Os seus promotores lançaram a ideia que 'a paz real é a paz entre a gente, não a paz entre os governos'. Uma das ferramentas mais importantes para alcançar essa paz, é o diálogo entre os povos. E o projecto 'Cuidados e Ensino' é o resultado desse diálogo.
'Caminhos para a Reconciliação' é um prolongamento do Centro Israel-Palestino para a Investigação e Informação e a sua filosofia é que 'enquanto a paz pode ser firmada pelos homens de Estado, deve ser construída entre os povos'.
A ideia básica é que os palestinianos, israelitas e jordanos trabalhem juntos criando aulas modelo para estudantes do décimo grau (15 e 16 anos), com um programa delineado pelos professores de todas as comunidades envolvidas, satisfazendo as necessidades de cada uma delas e reconhecendo o que há de único em cada lado. Estes alunos são verdadeiros 'embaixadores da paz'
Outro acção unificadora é a dos escuteiros, um movimento voluntário, apartidário e plural, que congrega actualmente 25 milhões de pessoas, o que o transforma no maior grupo juvenil do mundo. Calcula-se que pelo menos 300 milhões de adolescentes usaram o uniforme dos escuteiros desde que foram criados em 1907. Hoje existem em 216 países no mundo.
Este movimento, que ganhou o primeiro prémio de 'Educação para a Paz' da UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO em 1981, autodefinem-se como uma 'escola real para a paz e para viver juntos'.
Para um outro plano de êxito contribuiu a Universidade David Yellin, que se estabeleceu em 1913 como a primeira casa de estudos hebraicos e palestinos. Em 1974, a Universidade conjuntamente com o Ministério da Educação e a Câmara de Jerusalém, decidiram abrir um departamento especial para os graduados da secundária árabe, mas estudando intensivamente o idioma hebraico, que os prepara para uma educação superior nas universidades israelitas.
Os árabes de Jerusalém de Este e zonas aldeãs têm a oportunidade de adquirir a cidadania israelita se o desejarem, mas os seus colégios seguem um plano de estudos jordanos. Se planeiam continuar com o seu ensaio em alguma instituição de educação superior israelita, devem em primeiro lugar fazer um curso intensivo em hebraico.
Os palestinianos da margem ocidental e a faixa de Gaza têm que frequentar quatro anos um sistema escolar diferente, seguindo o plano de estudos jordano (o egípcio). Desde o aparecimento da Autoridade Nacional Palestina, pôs-se em movimento um plano de estudos palestino específico. O hebraico não faz parte de nenhum destes sistemas e os que se graduam podem continuar com a educação superior numa das universidades palestinas, em instituições do mundo árabe, mas não em Israel.

Bibliografia recomendada

'To Live Together: Shaping New Attitudes to Peace Through Education'; editado por Daniel S. Halpérin da Fundação de Genebra,
UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO:IBE, 1997.

 


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 68
Ano 7, Maio 1998

Autoria:

UNESCO

UNESCO

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