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LEITURA Fora de Moda?

A grande maioria dos Educadores concorda que não se pode conceber a Educação sem o hábito da leitura. Ocorre que essa concepção, infelizmente, não passa de mais uma das tantas teorias discutidas e não aplicadas. Percebo como Professora que, em sala de aula, a leitura de um bom livro ainda é entendida como 'perda de tempo', ou como algo desagradável e imposto. Não podemos culpar os estudantes - o exemplo é nosso! O tempo passa, mas o professor continua sendo o modelo, e se ele não tiver o hábito e o prazer da leitura, certamente não conseguirá fazer com que seus alunos criem o hábito ou sintam o prazer da leitura.

Precisamos levar em consideração que a vida moderna é realmente muito corrida, mas para quem gosta de ler sempre há tempo! Pretendo neste momento reflectir com o leitor a respeito dessa vida moderna, a qual reflecte o desenvolvimento do Ser Humano. A Tecnologia hoje é encarada como 'fim' e não como 'meio' de facilitar e agilizar os trabalhos cotidianos. A Tecnologia é fundamental, mas para que nos sobre mais tempo para desfrutar da vida e não para nos escravizar!

Se repararmos na decoração dos quartos infantis, notaremos itens como brinquedos variados, 'video-games', computador, televisão, aparelho de som, etc. Quantos pais têm a preocupação de colocar à disposição das crianças livrinhos infantis, ou até mesmo gibis variados? O exemplo não vem somente do professor, vem dos hábitos familiares, principalmente. Mesmo quando a criança ainda não pode ler sozinha, quantos pais têm o hábito de ler histórias infantis para seus filhos? Lendo para as crianças, estas descobrem sozinhas o tão falado 'Mundo Mágico' da leitura e, dessa forma, com o tempo e com os livros à disposição, elas certamente irão, aos poucos, procurá-los para ler.

O professor por sua vez, além do incentivo e do exemplo, precisa ir muito mais além. Leitura e Escrita caminham juntas; portanto, paralelamente ao trabalho de incentivo à leitura, se faz necessário o incentivo à escrita. A escrita exige conhecimento da língua em termos gramaticais e ortográficos, da mesma forma que exige imaginação. Porém, é comum que os professores de Redacção iniciem seu trabalho com 'Descrições' de objectos. São actividades válidas, mas que poderiam ser muito mais proveitosas se habituassem os alunos a observar e a descrever a natureza, por exemplo. A sensibilidade pode e deve ser despertada o mais cedo possível. Sair da sala de aula e observar o voo dos passarinhos, bem como seu canto; descrever uma mesma flor, ou árvore e depois comparar e discutir as observações... Essas e outras actividades, além de estimular a imaginação, resgatam valores esquecidos nesta nossa vida moderna, mas que nem por isso estão fora de moda. Assim como a leitura de bons livros exige sensibilidade, e prazer, proporciona acesso à cultura, à ampliação do vocabulário, etc.

Amor à Natureza não se ensina! Este é estimulado, vivido! Mas de que forma, se nós também não nos damos o direito de parar e ouvir com o coração o barulho de uma cachoeira, ou o canto de um pássaro, ou a vida em sociedade das abelhas ou formigas, o barulho da chuva...

Estou na verdade falando de sensibilidade, percepção, amor, criatividade, imaginação, ingredientes indispensáveis aos novos cidadãos que pretendemos formar. Mas para isso, os professores, os pais e toda a sociedade precisam acreditar que esses valores precisam ser resgatados com urgência!

Uma vez realizado um trabalho sério de resgate de valores, incluindo o interesse por saber sempre mais, aí então pode-se e deve-se utilizar a tecnologia, uma vez que esta também oferece ferramentas que conduzem à cultura, ao desenvolvimento, e à facilitação da vida moderna! Um cidadão culto e sensível jamais se deixará escravizar pela tecnologia.

Concluindo, objectivamos que nossos alunos também sintam o prazer que sentimos na companhia de um bom livro e entendam que a leitura jamais estará fora de moda!

Giselle Castro Fernandes
professora e colaboradora de a Página
(ler artigo da autora - 'Arte na Escola')


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 66
Ano 7, Março 1998

Autoria:

Giselle Castro Fernandes
Centro Universitário Nª Srª do Patrocínio, Brasil
Giselle Castro Fernandes
Centro Universitário Nª Srª do Patrocínio, Brasil

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