Dezoito anos depois da saída a público do número Zero do então mensário A Página, no já longínquo dia 21 de Dezembro de 1991, chega aos leitores a edição de Inverno de 2009 da revista a Página da Educação, sob a direcção de uma nova equipa em consequência do infeliz desaparecimento do seu primeiro director – José Paulo Serralheiro.
Produzida em circunstâncias muito difíceis e num curto prazo de tempo, esta edição traduz o desejo colectivo de continuar a pugnar por um projecto editorial único, um projecto nascido no interior da profissão docente e, como tal, assumindo-se «da educação e para a educação» numa subordinação livre a valores de cidadania, justiça e solidariedade. Cabe-nos por isso, e antes de mais, saudar a renovação de compromisso expressa pelos Corpos Gerentes do Sindicato dos Professores do Norte, a entidade que suporta este projecto desde sempre, agradecendo também a todos os colaboradores que, de forma directa ou indirecta, fizeram questão de marcar presença, permitindo assim assegurar o notável ciclo de publicação ininterrupta da PÁGINA.
Vividos na plenitude da sua densidade crítica, os momentos de mudança contêm o segredo da fecundidade do tempo. Pensamos, justamente, que os textos agora publicados são bem expressivos dessa possibilidade de recomeço que, na verdade, é consubstancial à educação enquanto actividade criadora intencionalmente ao serviço do humano. Seja através do convite para revisitar lugares significativos de memória ou da análise centrada nas interpelações de futuro vindas da actualidade, o que se pretende é que este espaço de escrita continue a funcionar como pólo agregador de um debate franco, comprometido e eticamente exigente em torno da educação, dos educadores e, coerentemente, da sociedade em geral.
Estamos na entrada de um ano novo, 2010, ano em que Portugal celebra o centenário da 1ª República, ocasião privilegiada para relançar a reflexão sobre «Educação e Res-publica», perspectivando o património educacional e cívico herdado dessa época histórica num horizonte de contemporaneidade onde, a par da necessidade de novos pactos educativos em torno da valorização da escola e dos professores, emerge a discussão sobre o «novo espaço público da educação», segundo expressão de António Nóvoa, acompanhada de uma outra sobre o lugar da «educação no espaço público». O ano de 2010 anuncia-se também como o ano europeu contra a pobreza e a exclusão social, na consciência comum de que o mundo possível precisa de outra solidariedade. Fazendo justiça às razões socioprofissionais que explicam o seu compromisso de base, em 2010 a PÁGINA fará questão de se manter atenta a estas exigências de humanidade e cidadania.
Por último, importa lembrar que a PÁGINA é de quem a faz mas também, ou sobretudo, de quem a lê, conferindo-lhe efectiva actualidade e sentido. Estamos convictos de que a palavra dos leitores faz toda a diferença num projecto como este, que reputamos como civicamente responsável, plural e aberto. Escrevam-nos, interpelem-nos, façam chegar as vossas críticas e as vossas sugestões. Da nossa parte, podem contar com uma equipa motivada e determinada.
Perseverando na luta por mais e melhor educação, que tenhamos, TODOS, um feliz 2010!

Isabel Baptista