Página  >  Edições  >  N.º 184  >  O sentido da globalização

O sentido da globalização

Desde meados da década de 90, precisamente pelos idos de 1994 (não faz tanto tempo assim), ouvia falar em globalização. Estudava o conceito nos meus livros de história, discutíamos os impactos da globalização na aula de geografia, lia notícias sobre nos jornais e revistas (das quatro capas semanais da revista Veja, três tinham o assunto como matéria principal), sofria os impactos da economia global (dólar cai, dólar sobe, euro alto, câmbio), ouvia mais do que nunca muitas línguas pelas ruas (até chinês!), tudo representando a "tal" globalização. Terminei o Ensino Médio, fui estudar Pedagogia, na Universidade Federal Fluminense, e lá estava a globalização presente em praticamente todas as disciplinas. Em Políticas Educacionais estudei os impactos da globalização, em Trabalho e Educação estudamos a formação dos trabalhadores em tempos de globalização, a mudança na base microeletrônica. Depois, no mestrado, qual não foi meu objeto de estudo? Educação e Comunicação, especificamente os blogs dos jovens, que vivem imersos sobre a influência da tecnologia, com fundamento na globalização e na pós-modernidade, uma interface entre tecnologia, educação e formação da identidade. Enfim, depois de tanta leitura e discussão confesso que o verdadeiro sentido da globalização foi percebido durante um dos meus solitários almoços. Reparei que meu prato era composto por arroz norueguês, feijão chileno, carne de porco norueguesa, espinafre sul-africano, pimentão australiano e, como sobremesa, um kiwi australiano. Fiquei pasma! Logo o conceito me veio à tona. Corri para a cozinha, abri o armário e olhei os outros produtos, café francês, leite condensado indiano, azeite português, feijão americano e norueguês, chá inglês e chinês, macarrão italiano... Abri a geladeira e encontrei maçã argentina e norueguesa (um doce!), melão brasileiro, pêra norueguesa, espinafre australiano, bacalhau norueguês, alho coreano ... Na televisão tem canal inglês (BBC e Euronews), americano (CNN), francês (TV5), norueguês (NR 1, NR 2, NR 3) e ainda um canal americano (Disney Chanel) com tradução norueguesa; os móveis noruegueses (mas, dizem que boa parte da madeira vem do Brasil); adereços "made in China" ou "made in Corea"; sapatos produzidos em Zimbabue; flores holandesas e muitas outras coisas que representam o sentindo da globalização. E, ainda eu, vinda de Miracema, cidade quente do interior do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, filha da Penha e do Lúcio, perdida em um canto gelado do mundo, em Oslo, pertinho do pólo norte. Fiquei me perguntando se em tempos de crise era melhor perder tal sentido. Mas, achei melhor perguntar: qual é o sentido da globalização?

Maria Aparecida Padilha Ribeiro


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 184
Ano 17, Dezembro 2008

Autoria:

Maria Aparecida Padilha Ribeiro
Mestre em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde pelo Núcleo de Tecnologia Educacional nas Ciências e na Saúde (NUTES), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil.
Maria Aparecida Padilha Ribeiro
Mestre em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde pelo Núcleo de Tecnologia Educacional nas Ciências e na Saúde (NUTES), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil.

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo