O pai incestuoso Josef Fritzl, que manteve a sua filha sequestrada durante 24 anos na cave da sua casa em Amstetten, na Áustria, e teve sete filhos com ela, foi indiciado pela morte de uma das crianças, pelo que poderá ser condenado à prisão perpétua, segundo a acta de acusação publicada em 14 de Novembro. A promotoria considera que Fritzl, agora com 73 anos, é responsável pela morte em 1996 do recém-nascido por "não ter recorrido à ajuda de terceiros, apesar de saber que a vida do bebé estava em perigo", segundo o texto. Fritzl reconheceu durante as audiências ter incinerado na caldeira do seu prédio o corpo da criança, que nasceu na cave junto com um gémeo que sobreviveu, mas afirmou que a criança nasceu morta. Contudo, um especialista apontado pela promotoria afirma, com base no depoimento da filha de Fritzl, Elisabeth, de 42 anos, que a criança poderia ter sobrevivido se tivesse recebido cuidados médicos. Elisabeth teve sete filhos do incesto com o pai: o bebé que morreu, três que viviam sequestrados com ela e outros três que foram adoptados por Fritzl e sua mulher e moravam na casa da família. Os três que foram adoptados eram apresentados por Fritzl à mulher como crianças que Elisabeth teria abandonado à porta de casa. O drama de Elisabeth foi descoberto no final de Abril deste ano, quando a sua filha mais velha, de 19 anos, que desde o nascimento vivia presa no sótão, foi hospitalizada em coma com uma doença desconhecida. Além da morte do bebé, Josef Fritzl é acusado de escravidão, estupro, sequestro e incesto. Na Áustria, essas acusações só podem ser punidas com o máximo de 15 anos de prisão. Kurt Leitzenberger, presidente do tribunal de Sankt-Pölten - que julgará Fritzl -, declarou ao jornal Kurier que o processo não começará antes do final de Janeiro de 2009. Segundo outras fontes judiciais citadas pela agência APA em meados de Novembro, o julgamento poderia ter início em Março de 2009. Num relatório divulgado em Outubro, o psiquiatra designado para examinar o estado mental de Joseph Fritzl considerou o réu "totalmente responsável" pelos seus actos. Fritzl sequestrou a filha no dia 29 de Agosto de 1984, quando ela tinha apenas 18 anos. Contou à mulher que Elisabeth havia fugido de casa para se juntar de uma seita religiosa, e prendeu-a na cave da casa, estuprando-a regularmente. Elisabeth Fritzl e os seus seis filhos, que têm entre 5 e 19 anos, vivem desde a primavera numa clínica psiquiátrica perto de Amstetten, protegidos da curiosidade geral. A mãe de Elisabeth, Rosemarie, de 69 anos, que afirma ter passado todos esses anos sem saber o que havia acontecido à filha, mudou-se e foi viver numa outra cidade da região.
AFP
|