DESCARAMENTO
O director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Dominique Strauss-Kahn, considera que a crise financeira actual pede um controle rígido dos mercados financeiros, que deve ser feito pelo FMI. Em entrevista publicada na edição do "Journal du Dimanche", Strauss-Khan garante que, "até agora, apagamos o fogo". "É o mais imediato, e é o que está a ser feito pelas autoridades americanas. Mas, depois, devemos tirar as necessárias conclusões do que acabou de acontecer: regulamentar, detalhadamente, as instituições e os mercados financeiros". O plano destinado a salvar o sistema financeiro americano é "bem-vindo, mas deve ser o primeiro acto de uma acção política internacional", disse Strauss-Kahan. "Os políticos injectam dinheiro público para evitar que todo o edifício financeiro caia, porque disso depende a estabilidade de nossas economias. Mas depois é preciso reformar. Caso contrário, vencerá a ideia do poço sem fundo, do Estado que socorre directores incompetentes e especuladores gananciosos", acrescentou o director do FMI, para quem "o mercado não saneia o mercado". Strauss-Kahn reivindica o papel de reformador e controlador para o FMI [!]. "Actualmente, enfrentamos a anarquia financeira: a falta de transparência, a cobiça, a irresponsabilidade de um sistema que se desenvolve sem relação com a economia real (...) As finanças devem ser controladas". "A questão das remunerações não é marginal: controlemos os lucros dos financeiros e controlaremos também as finanças", concluiu. Strauss-Kahn não diz, mas lembre-se que se chegou ao que se chegou com as políticas e orientações ferozmente neoliberais emanadas do FMI. Descaramentos.
AFP
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