A NÃO ESQUECER
Duas crianças de dois e quatro anos, respectivamente, originárias da Nigéria morreram num barco que os levava para a Itália junto com outros 73 imigrantes sem papéis. Os corpos das duas crianças foram atirados ao mar, segundo afirmou o pai das crianças à tripulação da lancha italiana que socorreu os clandestinos. As crianças, aparentemente, morreram por causa da desidratação. A embarcação, uma barcaça que transportava 75 passageiros, foi abordada pela guarda-costeira italiana ao sul da ilha de Lampedusa. Este drama aconteceu a 25 de Julho um dia depois de o governo italiano ter estendido a todo o território a declaração do estado de emergência face à imigração clandestina. Esta declaração já estava em vigor em certas regiões há vários anos. Esta declaração de emergência permite, em particular, acelerar a construção de novos centros de detenção dos imigrantes sem papeis, explicou o ministro da Defesa, Ignazio La Russa. Numa conferencia de imprensa, o ministro do Interior, Roberto Maroni, defendendo-se das críticas da oposição, disse que este estado de emergência é apenas "uma medida técnica, já utilizada no passado e útil para recorrer a procedimentos rápidos". "É uma decisão abominável", considerou o vice-presidente da bancada parlamentar do Partido Democrático, Giancarlo Bressa. "Este governo é incapaz de governar sobre assuntos verdadeiros e sérios e tenta meter medo às pessoas", completou. "É um clima de Estado policial", insistiu Rosy Bindi, vice-presidente da Câmara, enquanto o governador da região de Púglia (sul), Nichi Vendola, falou de "pedaço de fascismo". As medidas contra a imigração tomadas pelo governo de Berlusconi, desde a sua chegada ao poder em Maio passado, foram também fortemente criticadas pelo Parlamento europeu. A notícia da morte e do abandono ao mar de mais duas crianças fica como sinal da nossa incomodidade pela nossa incapacidade de mudar as políticas de imigração na UE.
AFP
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