COISAS de SARKOZY
Simone Veil, uma das figuras mais respeitadas da direita francesa e sobrevivente de Auschwitz, considerou "inimaginável, insustentável e injusta" a proposta do presidente Nicolas Sarkozy de associar os estudantes às vítimas do genocídio nazi. Numa entrevista publicada pela revista francesa L'Express, Simone Veil declarou que "não se pode pedir isto às crianças de dez anos". "Não se pode pedir a uma criança que se identifique com outra que morreu. Esta memória é pesada demais para ser suportada", acrescentou. Num jantar com o Conselho Representativo das Instituições Judaicas na França (CRIF), Sarkozy disse que a partir do começo do ano lectivo (2008-2009) cada criança do último ano do primário deveria ser "encarregada" de pesquisar sobre a memória de um jovem morto durante o genocídio perpetrado pelos nazis. A decisão de Sarkozy gerou uma grande polémica tendo os principais sindicatos de professores e especialistas em psicologia infantil manifestado a sua oposição. Simone Veil, que foi presidente do Parlamento Europeu, deputada e ministra, lembrou os problemas enfrentados pelas vítimas directas da deportação e do genocídio para que lidassem com a memória. "Nós mesmos, ex-deportados, tivemos muita dificuldade depois da guerra para falar do que havíamos vivido." Hoje em dia, ainda tentamos evitar tocar nesse assunto com os nossos filhos e netos. Além disso, há muitos professores que falam muito bem sobre o tema", explicou. Para Simone Veil, a proposta de Nicolas Sarkozy também poderá atiçar os antagonismos religiosos: "Como reagirá uma família muito católica ou muçulmana quando for solicitado ao seu filho ou filha que traga à tona a lembrança de um pequeno judeu?", perguntou?
AFP
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