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Ameaças pesam sobre o futuro da pesca mundial

A superexploração de recursos, as mudanças climáticas e a poluição ameaçam o futuro da pesca mundial e, por consequência, a alimentação de milhões de pessoas, alertou a ONU num relatório publicado no dia 22 de Fevereiro no Mónaco. É a primeira vez que um estudo, apresentado durante uma sessão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), traça um panorama global dos riscos aos quais está exposto o habitat marinho, destacando a "sinergia" e o impacto das suas consequências nos próximos anos. "Há barcos demais, equipados com tecnologia demais, para pescar muito pouco pescado", resume um especialista. No centro das críticas está a pesca com rede de arrasto, uma técnica que altera os ecossistemas, segundo a ONU.
Embora o relatório não cite nenhum país em particular, vários especialistas apontaram, a pedido da AFP, quatro nações que praticam a superexploração marinha: A Coreia do Sul, que dispõe de uma considerável frota de barcos pesqueiros, a Espanha, cuja actividade é praticada além das águas europeias, o Japão e a Rússia. "A pesca é actualmente uma das actividades mais destrutivas do planeta", afirma um especialista da ONU. Também é uma das mais anárquicas, favorecida por uma completa falta de informação, observação e controle. "A ausência de dados sólidos, de observações dos oceanos e uma mentalidade de «se não é visto, não conta» provocaram sem dúvida mais degradação do ambiente marinho do que foi permitido no continente", afirma o relatório da ONU. As mudanças climáticas, que alteram a circulação das grandes correntes e perturbam os mecanismos de "limpeza" dos fundo do mar, aceleram a desorganização geral. Muitas variedades de plâncton, uma das bases da cadeia alimentar, estão ameaçadas, assim como os recifes de coral, onde numerosas espécies procuram os seus alimentos. A absorção pelos oceanos de quantidades crescentes de dióxido de carbono (CO2) aumenta ainda mais o nível de acidez da água, inibindo a transformação de cálcio necessária para a sobrevivência dos moluscos e do plâncton calcário. Ostras, mariscos e mexilhões são as espécies que correm maior perigo. O relatório diz ainda que a poluição marinha, 80 por cento de origem terrestre, se vai acelerando, particularmente no leste asiático e no sudeste, onde o crescimento demográfico faz aumentar a urbanização costeira. A ONU alerta contra o impacto cumulativo destes fenómenos. "Se as pressões nas zonas de pesca não forem reduzidas, o impacto pode ser catastrófico, levando à extinção ou a uma forte redução das reservas de pesca", diz o texto.

AFP


  
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Edição:

N.º 176
Ano 17, Março 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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