REGRESSO à BARBARIE
A primeira conferência da ONU sobre o tráfico de seres humanos, um flagelo que afecta, pelo menos, 2,5 milhões de pessoas no mundo, teve lugar em Fevereiro na cidade de Viena com a presença de personalidades como a actriz britânica Emma Thompson e a mulher do presidente egípcio, Suzanne Mubarak. Doze mil delegados, entre eles políticos, representantes de Organizações Não Governamentais (ONG`s), especialistas e vítimas, debateram durante três dias o fenómeno que, segundo estimativas das Nações Unidas, pode render um lucro de mais de 28 mil milhões de euros anuais aos traficantes. Embora as discussões tenham dado prioridade à prostituição, várias ONG's insistem noutros aspectos desta "escravidão da era moderna" que afecta quase todos os sectores da economia. Na verdade, é hoje reconhecido que o tráfico de seres humanos é cada vez mais utilizado, em diversas partes do mundo, para o funcionamento de diversas actividades económicas. Como exemplo, Steve Chalke, da organização Stop the Traffik denunciou o facto de mais de 12.000 crianças do Mali terem sido obrigadas a deixar o seu país para participar da colheita de cacau na Costa do Marfim - o segundo produtor mundial deste produto. As guerras e o capitalismo selvagem, a par de outros fenómenos como a prostituição, o turismo sexual e o comércio de órgãos, vivem hoje, cada vez mais, do recurso ao tráfico de seres humanos.
AFP
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