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Novo fóssil de símio desafia teoria da evolução
Arqueólogos descobriram uma antiga mandíbula de uma espécie de símio que seria muito próxima do último ancestral comum dos gorilas, chimpanzés e humanos, relevou um estudo divulgado no início de Novembro. O fóssil, de 10 milhões de anos e completo, com 11 dentes, foi encontrado em 2005 em depósitos de terreno vulcânico na região de Nakali, no Quénia, por uma equipe de pesquisadores japoneses e quenianos.
Os cientistas afirmam que a descoberta preenche uma espécie de 'vácuo' no registo de fósseis, e desafia uma das suposições vigentes sobre a evolução dos primatas. Estudos genéticos sugerem que os humanos e os grandes símios evoluíram separadamente a partir de um ancestral comum, há cerca de oito milhões de anos, mas os paleontólogos vêm-se esforçando para encontrar fósseis dos ancestrais dos grandes símios da África moderna dos últimos 13 milhões de anos.
Entretanto, investigadores têm vindo a encontrar muitos fósseis dos grandes símios na Europa e na Ásia nesse período, e também observaram algumas semelhanças entre alguns desses símios e os símios africanos contemporâneos. Isso levou alguns paleontólogos a levantar a hipótese de que o ancestral comum dos símios e dos humanos havia abandonado a África e evoluído em várias espécies diferentes, e que uma dessas espécies voltou ao continente para se converter no elo perdido entre o homem e os parentes primatas mais próximos.
Contudo, essa nova evidência, além de outras, parece enfraquecer essa teoria. Além dessa nova espécie do Quénia de símio antigo - apelidado de Nakalipithecus nakayamai - recentemente foram encontrados vestígios de outro antigo símio africano.
Em Agosto, uma equipe de paleontólogos japoneses e etíopes anunciou que havia descoberto em 2006 e em 2007 fósseis de dentes com 10 milhões de anos de idade, na região de Afar, na Etiópia. Os investigadores afirmaram que os dentes provavelmente pertenciam a uma espécie de "proto-gorila", que baptizaram de Chororapithecus abyssinicus. Antes deste, a última descoberta de um fóssil hominídeo deste período na África ocorreu no Quénia, em 1982.
A evidência de que a África foi habitada por vários ancestrais dos símios na metade e no final do período mioceno - entre 23 milhões a 5 milhões de anos atrás - levanta dúvidas sobre a teoria de que os ancestrais dos símios africanos contemporâneos se extinguiram completamente no continente e foram reintroduzidos na Europa ou na Ásia, indicam os autores das Actas (Proceedings) da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Ainda serão necessárias, desta forma, que se realizem mais descobertas de fósseis para desenvolver a árvore genealógica dos símios africanos modernos, "e é provável que estes hominídeos africanos do período mioceno tardio sejam mais ou menos próximos do último ancestral comum dos grandes símios africanos e dos humanos", concluíram os autores.

  
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Edição:

N.º 173
Ano 16, Dezembro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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