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Mentiras de fontes credíveis
Encontrei-o numa livraria de referência da cidade. Chamou-me pelo meu nome (o que tornou insuportável o facto de eu não me lembrar do nome dele) e começou a dissertar sobre a política internacional.
Disse-me que um conflito nuclear é inevitável (entre 2016 e 2017, assegurou), que Benazir Butho vai morrer ("no próximo ano, neste mesmo dia, já não estará cá") e que os israelitas estão a construir abrigos nucleares gigantescos em desertos.
Para ele, Osama bin Laden já morreu há muito, os Estados Unidos possuem mísseis em órbita e o país mais perigoso é o Irão que deveria ser impedido de construir mais centrais nucleares.
A esperançosa e boa notícia é que grande parte da população sobreviverá, sem sequelas, ao conflito nuclear, o que pressupõe a possibilidade de se tratar de uma conflito nuclear de baixa intensidade, grau que desconhecia existir.
Disse-me que a maçonaria já se globalizou hierarquicamente, que a internet de banda larga favorece a espionagem e todo um controlo sobre quem a possui, mas não abordou temas mais mediáticos e na ordem do dia como o facto de um antigo presidente da França ter sido constituído arguido num processo de eventuais ilegalidades na gestão de dinheiros públicos.
Chamou a atenção para o crescimento da China e para as ambições da Rússia de Putin, revelando-me, com natural reserva, a fonte destas informações ? um agente secreto de uma polícia famosa, de que é amigo e familiar, e que opera num dos paraísos asiáticos dos call-center.
Não ofereceu outras garantias de credibilidade para esta fonte, hábito que, infelizmente, também se generaliza a muitos outras instituições aparentemente obrigadas a dar o exemplo em matérias desta natureza. Um porta voz da Casa Branca revelou recentemente que tinha sido "obrigado" a mentir sobre muitas matérias e não apenas sobre a "mentira" das armas de destruição existentes no Iraque ? uma mentira que justificou uma invasão a um país soberano.
Com tantas mentiras de fontes credíveis que justificação haverá para ignorar estas convicções de alguém que gosta da problemática da política internacional e que expõe, com veemência e convicção, o que pensa, com verdade, deste Mundo?

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 173
Ano 16, Dezembro 2007

Autoria:

Júlio Roldão
Jornalista do Jornal de Notícias
Júlio Roldão
Jornalista do Jornal de Notícias

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