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Expansão urbana caótica estimula crime nas grandes cidades

CRIME E URBANISMO 

"A violência urbana e o crime estão a aumentar mundialmente dando lugar ao medo generalizado e tirando o investimento de muitas cidades." Mas afectam sobretudo mais de metade dos moradores das zonas urbanas dos países em desenvolvimento. A conclusão é apontada no "Enhancing Urban Safety and Security: Global Report on Human Settlements 2007", um estudo apresentado pela agência da ONU para assuntos relativos à habitação, a UN-Habitat.
A taxa de crimes globais aumentou cerca de 30 por cento entre 1980 e 2000, o que equivale a 3 mil crimes a mais por cada grupo de 100 mil pessoas, alertou o relatório desta agência da ONU sediada em Nairobi, Quénia.
Nos últimos cinco anos, 60 por cento das cidades dos países em desenvolvimento foram vítimas de crime, segundo dados deste documento que atribuía a tendência de aumento da violência principalmente à rápida e caótica urbanização.
Na América Latina, onde 80 por cento da população é urbana, a expansão rápida de cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, a Cidade do México e Caracas tem originado que estas cidades sejam responsáveis por mais de metade da violência registada nos respectivos países.
O relatório UN-Habitat afirma que mais de metade da população mundial vive neste momento em cidades e aponta para um decréscimo da violência urbana na América do Norte e no Leste Europeu.
No entanto, mais de metade dos habitantes de cidades - tanto de países ricos como pobres ? declaram ter medo do crime a "em todo o momento" ou "com muita frequência", lê-se no documento, que cita a opinião de entrevistados.
As pessoas pobres, a viver em favelas são as mais afectadas pelo aumento da criminalidade, assim como os quase 100 milhões de crianças de rua nas cidades do mundo. "A insegurança afecta os pobres mais intensamente", afirmou Anna Tibaijuka, directora da UN-Habitat. "Isto desfaz laços socioculturais e impede a mobilidade social".
Grande parte dos habitantes das zonas mais ricas tem tendência para considerar que todos os habitantes que vivem em zonas urbanas desfavorecidas são participantes na violência que aí ocorre. Ora, a maioria esmagadora desses moradores das zonas pobres, não só não participa na violência como a sofre em primeiro lugar e de forma mais dura. Deste modo, as principais vitimas da violência urbana são os moradores das zonas pobres.
O relatório, divulgado exactamente no Dia Mundial da Habitação, celebrado a 1 de Outubro, apela à elaboração de um plano urbano efectivo e a uma governação eficaz como medidas chave para a prevenção de crimes.


  
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Edição:

N.º 172
Ano 16, Novembro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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