BARBÁRIE
"Toda aquela carnificina, os corpos de civis despedaçados e mutilados que vi... por isso comecei a perguntar-me: 'para quê?", recorda um dos 50 soldados americanos entrevistados pela revista The Nation, cuja edição foi lançada a 30 de Julho nos Estados Unidos. "É a primeira vez que um grande número de ex-combatentes aceita falar de civis iraquianos mortos sob as balas americanas", refere a revista, considerada de esquerda, que dedica boa parte da sua edição a este tema. Segundo a publicação, que durante seis meses recolheu os testemunhos de militares presentes na guerra do Iraque, estes soldados "descrevem a face brutal da guerra poucas vezes vista na televisão ou nos jornais". A revista narra histórias de soldados esvaziando os carregadores das suas armas automáticas sobre um corpo e comenta uma foto de um soldado que finge comer com uma colher de plástico os restos de um civil iraquiano morto. "Estes soldados mostraram uma grande coragem ao relatar os horrores de que foram testemunhas", sublinha The Nation, acrescentando que "a grande maioria deles insistiu no facto de que apenas uma minoria dos iraquianos morreram de forma indiscriminada". No entanto, a revista acrescenta que "quase sempre esses crimes permanecem impunes". No panorama da imprensa norte-americana, apenas o jornal Los Angeles Times fez uma referência à matéria publicada pela The Nation, até agora praticamente ignorado pelos principais títulos.
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