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A SOPHIA

"Quando eu morrer, voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar"

(Sophia de Mello Breyner Andresen)


A estrada cintilante do mar
Espraia-se em redor
Como vestido de noiva,
Em degraus de altar-mor.

O sol beija a água
Com libertina avidez
Provocando uma onda de luz.

Chispas de lume fosfórico
Incendeiam o horizonte
Bruxuleante,
Coleante.

Os olhos alongam
O pensamento esvoaça
E sobrevoa a mordaça

Ali, junto ao mar, nada é certo,
Nada é eterno.
Tudo é azul

E esta imensidão,
Esta lonjura
Atenuam e esconjuram
A dor e solidão.

Sophia de Mello Breyner Andresen morreu a 2 de Julho de 2004. Poeta maior que não figurou na lista dos 10 melhores portugueses de sempre. Ainda bem. Creio que ela não gostaria de alguns "compagnons de route" dessa lista.
Três anos depois da sua morte fica esta lembrança.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 169
Ano 16, Julho 2007

Autoria:

Gabriela Correia
Escola Secundária de São João de Deus, Faro
Gabriela Correia
Escola Secundária de São João de Deus, Faro

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