SOLIDARIEDADE
O relator das Nações Unidas para o direito à alimentação, Jean Ziegler, propôs recentemente ao Conselho dos Direitos do Homem da ONU que reconheça os direitos dos "refugiados da fome" ? dando o exemplo de países como o Níger, que em 2005 atravessou uma crise alimentar sem precedentes. Evocando as vagas de emigrantes clandestinos africanos que de forma crescente chegam em condições desumanas às costas de Itália e Espanha ou se afogam na travessia entre a Somália e o Iémen, Ziegler pediu àquele organismo das Nações Unidas que elabore uma nova norma internacional sobre esta questão, permitindo distinguir entre os que alegam motivações alimentares e os que baseiam o pedido de exílio em causas económicas. "Apenas os que demonstrassem serem originários de um país atravessando uma crise alimentar seriam admitidos. Uma vez finalizado o estado de emergência, seriam repatriados", explicou aquele alto responsável. "A tragédia não cessará de se ampliar", advertiu Ziegler, afirmando que o número de pessoas atingidas por insuficiência alimentar em África triplicou nos últimos trinta anos, atingindo actualmente cerca de 854 milhões de pessoas, mais doze milhões por relação a 2006. "Os emigrantes atirados para o caminho do exílio pela fome estão à mercê de redes criminosas, denunciou o especialista, afirmando que a "estratégia de tentar transformar a Europa numa fortaleza fracassou". A proposta de Ziegler recebeu o apoio dos países africanos, asiáticos e latino-americanos, mas os países europeus receiam uma escalada na xenofobia caso este novo estatuto de refugiados seja aprovado.
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