ESCRAVATURA
O tráfico de mulheres tem vindo a aumentar de forma preocupante na África ocidental, conduzidas aos milhares para países europeus e africanos para serem exploradas sexualmente. "É um fenómeno difícil de quantificar, mas sabemos que está a tomar proporções alarmantes" reconhece Babacar Ndiaye, especialista das Nações Unidas na luta contra a Droga e a Criminalidade. Nigéria, Camarões, Togo, Gana e Serra Leoa são os países mais atingidos pelo problema. Na Nigéria, "os recrutadores trabalham tranquilamente na rua, sem serem importunados pela polícia. O tráfico de mulheres não é tido em conta pelas autoridades", diz Ndiaye. De facto, apesar de ser um fenómeno cada vez mais recorrente, não existem números concretos sobre a sua dimensão. Segundo o comandante Philippe Barbançon, da polícia francesa, o tráfico de mulheres e as redes africanas de prostituição desenvolveram-se de forma complexa nos últimos anos. "As vítimas de tráfico devem pagar cerca de 50 mil dólares à rede que as fez sair do país de origem. Uma vez pago esse valor, os papéis sobrepõem-se e certas prostitutas acabam por tornar-se, elas próprias, proxenetas, comprando novas vítimas por sete a dez mil dólares", explica. "E torna-se muito difícil identificar os proxenetas quando toda a gente se prostitui". Numerosas mulheres são igualmente enviadas para outros países da África ocidental. Bernadette Ouédraogo, directora de uma ONG do Burkina Faso, assegura que a maioria das prostitutas da capital deste país, Ouagadougou, são originárias de outros países da região. "No início eles fazem crer às raparigas que estão perante o Eldorado, mas ao fim de uma semana forçam-nas a prostituir-se. É uma forma de escravatura, diz Ouédraogo.
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