Página  >  Edições  >  N.º 166  >  Presidente da Sociedade Internacional da Sida afirma que desigualdade social é principal causa da doença

Presidente da Sociedade Internacional da Sida afirma que desigualdade social é principal causa da doença
Ainda que amanhã se anuncie a descoberta de uma vacina que ofereça garantia de protecção contra a Sida, a desigualdade social pode criar condições para o aparecimento de uma nova doença, afirmou recentemente Pedro Cahn, presidente da Sociedade Internacional da Sida, à margem de uma reunião preparatória da conferência internacional sobre a doença que decorrerá em 2008 no México.
"Se não percebermos que dois terços da população mundial vive com dois dólares diários, mesmo que amanhã - facto improvável - as manchetes dos jornais dissessem que temos uma vacina para proteger a totalidade da população, poderíamos acabar com a Sida mas não com as condições que favorecem o aparecimento de uma nova epidemia".
Questionando-se sobre qual poderá ser a nova doença que se abaterá sobre "um mundo onde predomina a desigualdade social, a falta de acesso aos sistemas médicos, e o estigma da discriminação, o médico argentino referiu como exemplo a vacina contra o sarampo, que apesar de custar apenas cerca de quatro cêntimos mata ainda cerca de um milhão de crianças por ano.
Sobre a situação da doença na América Latina, Cahn afirmou que se estima em 1,5 milhões os portadores do vírus VIH e sustentou que a doença se concentra de forma crescente na "população mais jovem, mais feminina e mais pobre". Sublinhando que um homem de 50 anos com a "carteira recheada" não está isento de contágio, o especialista considerou os mais pobres como os mais vulneráveis também pela "falta de acesso à informação".
"Quando uma pessoa está excluída da informação, não tem acesso à TV a cabo, nem à internet e está desempregada, interage muito menos com a sociedade e, por conseguinte, tem maiores probabilidades de contrair a doença", disse, reconhecendo que apesar dos grandes avanços no combate à Sida (actualmente existem 22 medicamentos e uma quantidade significativa de combinações que permitiram reduzir em 80% a taxa de mortalidade) cerca de oito mil pessoas morrem diariamente desta doença por "falta de acesso a cuidados médicos".
A Sida é um paradigma dos séculos XX e XXI, não existindo antecedentes de uma doença equivalente na história da medicina. Há 26 anos foram descritos os primeiros casos da doença, há 24 anos descobriu-se o vírus e há 20 anos criou-se o primeiro medicamento, o AZT.

  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 166
Ano 16, Abril 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo